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    Lourival Sant’Anna: Milei está mais pragmático e condições melhoram para ele

    Inflação na Argentina fechou em 4,2% em maio, resultado mais baixo desde janeiro de 2022

    Da CNN

    A inflação da Argentina fechou em 4,2% em maio, resultado mais baixo desde janeiro de 2022. A notícia favorável ao governo de Javier Milei veio depois da aprovação de um amplo projeto, que o presidente argentino defende como fundamental para o plano de choque econômico no país.

    Lourival Sant’Anna, analista de Internacional da CNN, destacou no programa WW de quinta-feira (13) que as condições estão melhorando para Milei e que ele se tornou mais pragmático para negociar com o Congresso e consolidar seu programa.

    “O risco país do J.P. Morgan caiu 84 pontos básicos. Ainda é muito alto: 1.398, mas caiu. O FMI [Fundo Monetário Internacional], também como reação à aprovação do pacote, liberou US$ 800 milhões, [medida] crucial para a Argentina continuar com o nariz acima da água”, pontuou Lourival.

    “E a China anunciou a ampliação por mais um ano do prazo para a Argentina pagar o swap cambial de US$ 5 bilhões. Em troca, Milei anunciou uma visita à China, com encontro com Xi Jinping em Pequim no dia 4 de julho, dia da independência dos EUA”, destacou.

    Para o analista da CNN, o presidente argentino tem ajustado o discurso quando as conversas envolvem a economia.

    Lourival lembrou que “Milei havia dito que não conversaria com a China, que são comunistas assim como Brasil, Venezuela e outros países, e falava muito mal da China”.

    “Mas ele entende que é necessário ser pragmático agora, apresentar resultados para poder levar adiante o programa dele, que foi reconhecido pelo FMI como sendo um programa que pode levar a uma consolidação de um equilíbrio fiscal”, adicionou.

    Ao liberar a quantia para a Argentina, o FMI afirmou que os recursos apoiarão os esforços das autoridades para restaurar a estabilidade econômica no país e consolidar o processo de desinflação observado.

    Mas estudos apontam que a pobreza na Argentina chegou ao maior patamar em 20 anos, após a forte desvalorização do câmbio estabelecida por Javier Milei no início do governo.

    Lourival Sant’Anna ressaltou que Milei passou a priorizar o que julga importante no projeto, e os indicadores econômicos contribuíram.

    “Na outra tentativa, não conseguiu reunir os votos necessários no Senado e teve que recuar, reorganizar-se, rever o pacote, entender os pilares do pacote dos quais não podia abrir mão”, ressaltou o analista da CNN.

    “Definiu isso, são quatro pilares: incentivos aos grandes investimentos, reforma trabalhista, privatizações e as faculdades especiais para governar sem passar pelo Legislativo por um ano. E aí abriu mão de outras coisas que para ele não eram essenciais neste momento. Embora a gente sempre tenha dito aqui que uma reforma como essa demora a ter resultado, e de fato com relação a melhorias da situação da população”, pontuou.

    “Mas os indicadores econômicos são animadores. Uma inflação de 4% em maio é a menor dos últimos dois anos, a inflação é o grande fator de empobrecimento da Argentina. O índice Merval da Bolsa de Valores teve um repique de 4%, os títulos soberanos da dívida Argentina, outra questão ultrassensível por causa da insolvência do país, da dívida, 3% de aumento no valor dos títulos. Tudo isso como reação ao pacote”, analisou Lourival.

    A “Lei de Bases e Pontos de Partida para a Liberdade dos Argentinos” foi apresentado nos primeiros dias do governo de Javier Milei.

    O documento original possuía 664 artigos. Depois de muita articulação política e debate, a Câmara aprovou um texto com 232 artigos, quase um terço do projeto original.

    “Os argentinos estavam preparados para grandes sacrifícios. O próprio Milei não os enganou em relação a isso. Disse que ia ser um período complicado. Os argentinos se cansaram do populismo fiscal, entenderam que o que o Massa [ex-ministro da Economia e candidato presidencial] fez, abriu os cofres na corrida eleitoral no final da campanha, não funcionou”, comentou Lourival.

    “Os argentinos entenderam que são vítimas desse tipo de artimanha e não beneficiados por ela. Há um ambiente político favorável a esses sacrifícios neste momento”, avalia o analista.

    O megaprojeto dá poderes especiais para Milei governar por decreto em diversas áreas, permite a dissolução de organismos públicos e privatizações de estatais, altera leis trabalhistas e dá incentivos fiscais para empresas estrangeiras que queiram investir no país.

    Mas o governo teve que ceder novamente em relação a alguns pontos para que ele fosse analisado pelo Senado. A Aerolíneas Argentinas, Radio y Televisión Argentina (RTA) e Correo Argentino foram excluídas das empresas públicas viáveis para privatização.

    Segundo Lourival Sant’Anna, a equipe de Milei precisará “ter muita habilidade para conseguir atravessar esse ano que vai ser muito penoso na Argentina”.

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