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    Lula diz a líderes do G7 que Rússia deve participar de Cúpula da Paz

    Presidente brasileiro também afirmou que “em Gaza, vemos o legítimo direito de defesa se transformar em direito de vingança”

    Américo Martinsda CNN , em Bari, Itália

    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) escancarou as divergências entre a política externa brasileira e as posições das grandes potências ocidentais em seu discurso durante a cúpula ampliada do G7, na região de Puglia, na Itália.

    Lula disse que é necessária a participação da Rússia em qualquer tipo de negociação para o fim da guerra da Ucrânia e também criticou a atuação de Israel na Faixa de Gaza, sem mencionar o nome do país.

    “O Brasil condenou de maneira firme a invasão da Ucrânia pela Rússia. Já está claro que nenhuma das partes conseguirá atingir todos os seus objetivos pela via militar”, pontuou.

    “Somente uma conferência internacional que seja reconhecida pelas [duas] partes, nos moldes da proposta de Brasil e China, viabilizará a paz”, afirmou o líder brasileiro.

    As declarações foram feitas diretamente aos líderes do G7, na mesma mesa em que estavam autoridades como o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden; a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni; a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen; e o primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak – todos grandes apoiadores da Ucrânia e que trabalham para isolar a Rússia.

    Parte dos líderes do G7, inclusive, vai da Itália para a Suíça para participar, neste fim de semana, da Cúpula da Paz para a Ucrânia, organizada pelo governo suíço com apoio ucraniano. Entretanto, não houve convite para que a Rússia participasse da reunião.

    O próprio presidente Lula foi convidado para o evento, mas recusou, alegando que nenhuma cúpula conseguirá chegar à paz sem o envolvimento dos russos na mesa de negociações.

    Essa posição é interpretada pelo Ocidente como um apoio tácito ao presidente russo, Vladimir Putin.

    Lula critica ações de Israel em Gaza

    Sobre a guerra na Faixa de Gaza, Lula voltou a criticar as ações de Israel.

    “Em Gaza, vemos o legítimo direito de defesa se transformar em direito de vingança. Estamos diante da violação cotidiana do direito humanitário, que tem vitimado milhares de civis inocentes, sobretudo mulheres e crianças. Isso nos levou a endossar a decisão da África do Sul de acionar a Corte Internacional de Justiça”, disse o presidente.

    Anteriormente, o líder brasileiro já havia criticado as ações militares israelenses, chamando-as de genocídio e chegando a fazer um paralelo entre elas e o holocausto – o que gerou muitas críticas de países ocidentais e da oposição no Brasil.

    Cobrança por reforma do sistema de governança global

    À frente dos líderes de três países que têm o direito de veto no Conselho de Segurança da ONU (Estados Unidos, França e Reino Unido), o presidente afirmou que “as instituições de governança estão inoperantes diante da realidade geopolítica atual e perpetuam privilégios”.

    Como antecipado por ele mesmo, Lula também pediu que os países do G7, dos Brics e do G20 apoiem propostas para taxação dos super-ricos e para a criação de uma regulamentação internacional para o uso da inteligência artificial.

    “Interessa-nos uma IA segura, transparente e emancipadora. Que respeite os direitos humanos, proteja dados pessoais e promova a integridade da informação. Que potencialize as capacidades dos Estados de adotarem políticas públicas para o meio ambiente e que contribua para a transição energética”, ressaltou.

    “Uma IA que também tenha a cara do Sul Global, que fortaleça a diversidade cultural e linguística e que desenvolva a economia digital de nossos países. E, sobretudo, uma IA como ferramenta para a paz, não para a guerra”, adicionou.

    “Necessitamos de uma governança internacional e intergovernamental da inteligência artificial, em que todos os Estados tenham assento”, disse.

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