Endrick e Vini Jr dão sabor a uma Seleção Brasileira sem sal
Brasil usa time B, mas precisa de peças da equipe A para derrotar o frágil México no último lance
Foi no apagar das luzes, como diziam os grandes narradores do passado. Depois de abrir 2 a 0, entrar em modo preservação de energia e levar o empate, a Seleção Brasileira precisou pedir socorro para estrelas consagradas e supernovas para derrotar o México por 3 a 2.
Foi o terceiro jogo sob o comando do treinador Dorival Júnior. São duas vitórias e um empate. Invencibilidade que não disfarça um fato: a atual Seleção Brasileira é um grupo sem sal, que só ganha algum sabor quando temperado pelos poucos jogadores diferentes com que conta. Endrick e Vini Jr são desse tipo, peças indispensáveis.
O elenco da Seleção Brasileira é formado majoritariamente por jogadores bons e muito bons, de sucesso como coadjuvantes em seus times na Europa. Todos merecem respeito e têm sua importância e utilidade. Mas são como calhas de chuva em janelas de carro da atualidade. Você pode tirar que o carro anda do mesmo jeito, e os vidros não embaçam mais porque os veículos saem de fábrica com desembaçador.
O time brasileiro é fraco? Não. É empolgante? Também não. Mas uma batida de olho pela escalação do time B que começou o amistoso deste sábado (8) dá uma amostra do momento atual. Allison; Yan Couto, Militão, Bremer e Guilherme Arana; Éderson, Douglas Luiz e Andreas Pereira; Savinho, Evanilson e Gabriel Martinelli.
Todos jogadores estabelecidos em seus clubes, mas qual deles é, de fato, uma referência vestindo uma camisa importante de primeiro nível do futebol europeu? Alisson no gol. Uma mudança para o potencial time A não trará grandes mudanças nesse perfil, que não sejam por Vini e Rodrygo.
Não há responsabilidade alguma dos treinadores que passaram pela Seleção. É o retrato do futebol brasileiro. Houve um tempo em que dos 11 titulares do Brasil, pelo menos nove eram protagonistas de grandes equipes mundiais.
Em amistosos às vésperas de uma competição importante como a Copa América é comum que os atletas tirem o pé, evitando desgastes e divididas que possam gerar lesões. Mas chama atenção que, mesmo com o time B, o Brasil tenha precisado chamar a cavalaria para derrotar uma seleção do México que, historicamente, tem o DNA da derrota, e passa por um processo radical de renovação.
Sem Neymar, não se sabe bem até quando, o Brasil não pode abrir mão de suas referências de forma alguma. Vinicius Júnior é o novo paradigma. Rodrygo, embora não seja exuberante como o companheiro de Real Madrid, é excelente técnica e taticamente. Endrick está iniciando sua caminhada, mas além das indiscutíveis qualidades técnicas, tem estrela e não pode ficar fora.
Sem eles, o Brasil é um prato que chega bonito à mesa, mas que após a primeira garfada você pede sal e pimenta ao garçom, porque falta sabor.