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    Israel usou armamento dos EUA em ataque a escola da ONU, segundo análise da CNN

    CNN identificou fragmentos de pelo menos duas bombas de pequeno diâmetro (SDB) GBU-39 de fabricação americana

    Abeer SalmanRob PichetaAllegra Goodwinda CNN

    Uma análise da CNN descobriu que armamento de fabricação dos Estados Unidos foi utilizada em um ataque aéreo israelense durante a noite em uma escola administrada pela ONU no centro da Faixa de Gaza.

    Dezenas de pessoas morreram no caso, segundo funcionários de um hospital.

    A escola, administrada pela agência da ONU para refugiados palestinos (UNRWA), abriga pessoas deslocadas no campo de refugiados de Nuseirat, disse o escritório de mídia do governo de Gaza.

    O Exército israelense confirmou que realizou o ataque aéreo, que, segundo os militares, teria como alvo um complexo do Hamas operando dentro da escola.

    O porta-voz militar israelense, tenente-coronel Peter Lerner, afirmou mais tarde aos jornalistas que o Exército não estava “ciente de nenhuma vítima civil”.

    Lerner pontuou que “20 a 30 militantes do Hamas e da Jihad Islâmica” foram alvos do ataque, e que eles estavam “usando as instalações para planejar e executar ataques” contra as forças israelenses.

    Ainda de acordo com a autoridade, combatentes que estavam envolvidos nos ataques de 7 de outubro em Israel estão entre os mortos. A CNN não pôde verificar de forma independente nenhuma dessas alegações.

    Uma análise da CNN do vídeo do local do ataque e uma revisão por um especialista em armas explosivas revelaram que armamento de fabricação americana foi usado no ataque à escola.

    A CNN identificou fragmentos de pelo menos duas bombas de pequeno diâmetro (SDB) GBU-39 de fabricação americana em um vídeo feito no local por um jornalista que trabalhava para a CNN.

    É a segunda vez em duas semanas que a CNN consegue verificar o uso de munições de fabricação americana em ataques israelenses contra palestinos deslocados, o primeiro sendo um ataque das Forças de Defesa de Israel (FDI) em um campo de deslocados em Rafah, em 26 de maio.

    O ataque desta quinta-feira ocorre depois que as FDI intensificaram os ataques terrestres e aéreos no centro da Faixa de Gaza, em meio a uma crise humanitária cada vez mais profunda.

    Palestinos no centro de Gaza relataram que a intensidade e a frequência dos ataques israelenses na última semana pareciam com o início da guerra.

    De acordo com um jornalista na região que trabalha com a CNN, a escola foi atingida por pelo menos três mísseis que atingiram o prédio de três andares.

    Acredita-se que a instalação esteja abrigando aproximadamente 20 mil pessoas deslocadas, seu pátio e arredores, de acordo com o jornalista.

    “Estávamos dormindo aqui, (e) de repente vimos foguetes caindo. Eu caí segurando meu filho, nós dois ficamos feridos, um parente foi martirizado [morto] naquele quarto”, relatou Jaber Abu Daher à CNN nesta quinta-feira.

    Ele disse que o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, “está matando civis, ele não está matando militantes, são pessoas inocentes dormindo em uma instalação da UNRWA.

    “O que crianças e idosos fizeram? O que fizeram com ele? Ele está procurando pessoas do Hamas? Vá procurá-los, por que vocês estão nos matando nas escolas?”, questionou.

    Arma feita nos EUA usada

    Autoridades da Faixa de Gaza disseram que o Hospital dos Mártires de Al-Aqsa, para onde mortos e feridos foram levados, está operando com três vezes sua capacidade clínica, “sinalizando um desastre real que levará a um aumento maior no número de mártires”.

    A UNRWA afirmou que sua escola foi “possivelmente atingida várias vezes” durante a noite pelos ataques. Um porta-voz da organização disse à CNN que não foi capaz de confirmar as acusações israelenses de que agentes do Hamas estavam usando a escola como um complexo.

    “Lembramos a todas as partes no conflito que escolas e outras instalações da ONU nunca devem ser usadas para fins militares ou de combate”, alertou o porta-voz.

    “As instalações da ONU devem ser protegidas o tempo todo”, adicionou.

    Munições feitas nos EUA também foram usadas no ataque israelense a um campo de refugiados em Rafah no final do mês passado, conforme revelou uma análise da CNN do vídeo do local atingido e uma revisão por especialistas em armas explosivas.

    Após esse ataque, o presidente dos EUA, Joe Biden, recusou os apelos para alterar sua política em relação a Israel, sugerindo que o ataque mortal em Rafah ainda não havia cruzado uma “linha vermelha “que forçaria mudanças no apoio americano.

    Ele havia dito anteriormente em uma entrevista à CNN que não permitiria que certas armas dos EUA fossem usadas em uma grande ofensiva em Rafah.

    Em abril, a CNN relatou que o governo Biden autorizou a transferência para Israel de mais de 1.000 bombas de pequeno diâmetro, de acordo com três pessoas familiarizadas com o assunto.

    *Jornalista Mohammed Sawalha contribuiu com informações de Gaza

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