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    Maurício Noriega
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    Maurício Noriega

    Mauricio Noriega é um dos jornalistas esportivos mais reconhecidos do país. Ganhou o prêmio ACEESP de melhor comentarista esportivo de TV seis vezes.

    Fair play no futebol: o que você faria se jogasse no América-MG?

    Ainda repercute o gol marcado por Renato Marques contra o Santos, no lance em que o goleiro santista, João Paulo, se machucou. Qual seria a melhor atitude?

    Foi o lance mais discutido da semana no futebol brasileiro. Em campo pela Série B, América-MG e Santos. Aos 14 minutos de jogo, aproveitando uma bola que o goleiro santista João Paulo não conseguiu chutar em virtude de uma lesão, o atacante Renato Marques fez um a zero para o Coelho.

    Discussão em campo. O gol foi validado, João Paulo deixou o gramado e teve uma lesão séria que encerrou sua temporada, e o América venceu o jogo por 2 a 1.

    Ao final da partida, o capitão do América, Juninho, disse que seu time havia errado e faltado com o “fair play”. Ele pediu desculpas ao Santos.

    Após o fato ou vendo em casa, confortavelmente diante da TV, é muito mais fácil avaliar a situação. Faço a pergunta: você, caro leitor, que atitude tomaria se estivesse na posição de Renato Marques naquele lance, no calor do jogo?

    Antecipo minha resposta tendo como base as imagens da jogada. Renato não tira os olhos da bola e não é médico para analisar a seriedade da lesão de João Paulo durante o jogo.

    Não se pode analisar o caráter de um atleta de 20 anos por uma situação ocorrida em ambiente de competição e adrenalina. Eu talvez fizesse o gol também. O que faria de diferente viria depois.

    Constatada a gravidade da lesão, eu pediria ao meu time que permitisse ao adversário fazer um gol para empatar a partida e igualar as condições, ou eu mesmo o faria.

    Porque, sabendo posteriormente que o goleiro não pôde disputar a jogada em condições normais, acho que seria o correto. Mas repito: durante o desenrolar da jogada era impossível para Renato, em uma fração de segundo, ter esse discernimento.

    Faltou ao bonito discurso de Juninho o complemento da atitude. Porém, não sei o que aconteceu nas conversas entre os jogadores, nem se ele sugeriu isso ao treinador Cauan de Almeida. É difícil saber se os atletas em campo teriam essa autonomia sem autorização do técnico ou da diretoria.

    Para mim, seria a única medida a ser tomada pelo bem do esporte. Minha manifestação é de um peladeiro de futebol e atleta amador de beach tênis que reconhece quando a bola bate em minha mão no gramado e canta as bolas corretas na areia.

    Um episódio semelhante ao que aconteceu em Belo Horizonte marcou a Segunda Divisão da Inglaterra, em 28 de abril de 2019. Leeds United e Aston Villa jogavam. O Leeds fez um a zero numa jogada em cujo início o marfinense Kodija, do Villa, sofreu uma lesão.

    Os jogadores do Villa pediram que a bola fosse chutada para fora, mas o time do Leeds deu sequência à jogada, e o polonês Klich fez 1 a 0. Após muita discussão e a expulsão de El Ghazzi, do Villa, o argentino Marcelo Bielsa, que treinava o Leeds, ordenou que no reinício do jogo seu time abrisse caminho para que o Aston Villa pudesse empatar a partida. Houve jogadores do Leeds, como o sueco Jansson, que não gostaram.

    Mas o ganês Adomah avançou com a bola, sem ser interceptado por jogadores do Leeds, e e empatou.

    A decisão de Bielsa foi considerada polêmica na Inglaterra, porque afastou o Leeds da vaga direta para a Premier League, que viria na temporada seguinte. O treinador e time ganharam o prêmio Fair Play da FIFA em 2019.


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