Banco Central eleva projeção de crescimento do PIB de 1% para 1,7% em 2022
BC disse que houve surpresa positiva no PIB do primeiro trimestre, ponderando que efeitos do aperto monetário em curso
A projeção oficial do Banco Central para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) em 2022 passou de 1% para 1,7%. A informação foi divulgada pela instituição em coletiva de imprensa nesta quinta-feira (23).
O diretor de Política Econômica do BC, Diogo Guillen, explicou que os fatores que puxaram a melhora na projeção para o desempenho da atividade econômica este ano estão mais ligados ao primeiro semestre de 2022 e não tanto a perspectivas de melhora da economia nos próximos meses. ‘
“Essas revisões vem do consumo das famílias, como principal, um pouco de exportação ajuda a explica. Tem mais a ver com o que observamos no primeiro trimestre e dados preliminares do segundo trimestre do que uma mudança prospectiva de crescimento. Como temos dito, grande parte do aperto monetário ainda vai se fazer presente tanto na inflação quanto no crescimento. Então esperamos desaceleração da atividade nos próximos trimestres”, esclareceu.
Guillen também destacou que, se por um lado, a projeção para o desempenho da atividade econômica melhora em 2022, as previsões para 2023 recuam, refletindo o aperto monerário e a perda de condições financeiras.
Em apresentação divulgada à imprensa, o BC destacou as incertezas sobre as previsões, especialmente no longo. “A incerteza na projeção permanece maior do que a usual, em cenário de continuidade da guerra na Ucrânia e de riscos crescentes de desaceleração global em cenário de inflação pressionada”, diz o documento.
A autoridade monetária também revisou a projeção de alta no saldo de crédito em 2022 para 11,9%, ante 8,9% previsto anteriormente. Também houve atualização na expectativa da conta de transações correntes: a previsão de superávit em 2022 passou de US$ 5 bilhões para US$ 4 bilhões.
Inflação e juros
Guillen também comentou sobre as expectativas para a inflação de 2022 e de 2023, ano que contempla o atual horizonte relevante do Banco Central. De acordo com ele, os últimos números com o qual o BC trabalha é de 8,5% em 2022 e 4,7% em 2023.
“É difícil saber quanto dessa mudança incorpora ou não medidas recentes de combustíveis, mas observamos pequena queda em 2022 que já poderia ser em parte em função das medidas que estavam em tramitação quando estávamos no Copom e que foram aprovadas sobre combustíveis e energia elétrica.
O BC anunciou ainda aumento da taxa de juros real neutra de 3,5% para 4%. “A taxa de juros real neutra sempre tem muita incerteza de quanto ela é. O impacto de subido da taxa neutra é modesto no horizonte relevante e cresce quando você estende o prazo”, disse Guillen.
Segundo o diretor, o BC espera arrefecimento gradual da inflação no trimestre de junho, julho e agosto, embora ainda com pressão sobre os preços de bens industriais e serviços. “A gente incorpora alimentos com alta em junho e depois vai recuando por conta de sazonalidade favorável”. Não foi contemplado o último reajuste sobre o preço de combustíveis e nem o impacto das medidas de redução do impostos.