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    Dia de São João: descubra as curiosidades culturais e religiosas sobre a data

    Trazida pelos europeus, festa foi adaptada à moda brasileira nas vestimentas, músicas e culinária típica

    Anna Gabriela Costada CNN , em São Paulo

    Uma das mais populares festas brasileiras, o São João é celebrado nesta sexta-feira (24). A data remete a tradições como fogueira, bandeirinha e comidas típicas das Festas Juninas. Porém, a história do santo vai muito além dos famosos festejos.

    A tradição da festa de São João foi trazida pelos portugueses ao Brasil na época da colonização, e os festejos começaram por aqui ainda no século 16. Além de São João, também são comemorados em junho os dias de Santo Antônio (13) e São Pedro (29).

    Entretanto, a tradição foi adaptada à moda brasileira com o passar do tempo.

    Mas quem foi São João? O mestre em Teologia pela PUC-SP Francisco Emílio Surian, também mestre em Ciências da Comunicação pela USP e Coordenador do Curso de Teologia para Leigos do Instituto de Teologia São José de Anchieta da Universidade Católica de Santos, traz a importância do santo no contexto religioso.

    Ele explica que o Evangelho de Marcos inicia com João Batista. No Evangelho de Lucas, o anjo anuncia a Maria a vinda de Jesus. “O resto da história é conhecida: Maria visita a prima, João estremece no seio de Isabel, que reconhece em Maria a mãe do Salvador”.

    “João Batista terá ainda duas aparições importantes nos Evangelhos: no Jordão quando batiza Jesus, demarcando o início da vida pública de Jesus. E no relato da morte de João Batista, degolado por Herodes, a pedido de Herodíades”, diz o teólogo.

    Qual a relação de São João com as Festas Juninas?

    No Hemisfério Norte, o solstício de verão ocorre em junho, e as estações do ano eram significativas para a população do campo.

    “Tradições mais antigas que o cristianismo festejavam esta data com festas que agradeciam a colheita, a fecundidade da terra e a fecundidade humana”, diz o especialista. No início, porém, essas festas eram consideradas pagãs pela Igreja Católica. “Os tradicionais festivais de fertilidade não eram bem vistos pela Igreja Católica. Receberam inicialmente sua oposição e depois foram sendo substituídas por festas cristãs”, explica Surian.

    Dessa forma, a fogueira que fazia parte do ritual dos festivais de fertilidade foi sendo substituída pela fogueira de São João, uma forma de adaptar os festivais de colheita em festejos católicos.

    “Há a tradição de que a mãe de João mandaria acender uma fogueira para que Maria pudesse saber quando o menino nascera. Aos poucos, a fogueira que anuncia o nascimento de João Batista foi substituindo as fogueiras da fertilidade da terra”, acrescenta o teólogo.

    A festa no Brasil

    A tradição foi trazida pelos europeus ao Brasil, mas, com o passar do tempo, foi “abrasileirada” com elementos da nossa cultura do campo, com as vestimentas, a música e principalmente a culinária local, tornando-se uma das celebrações mais queridas dos brasileiros.

    “É interessante perceber como essa festa manteve seu “coração caipira”, dando continuidade à sua relação com a terra, com a plantação, com os frutos da terra, e, de alguma forma, mesmo que num formato ingênuo, uma relevância aos ritos de fecundidade: o que dizer do casamento caipira, do correio elegante, da maçã do amor e da cadeia de onde só se saía com o beijo do amado ou da amada?”, comenta Surian.

    Talvez faça parte dessa nossa alma brasileira, um jeito de vivenciar o sincretismo religioso e continuar a dar espaço para as vibrações do tempo

    Francisco Emílio Surian, mestre em Teologia e Comunicação

    Na opinião do teólogo, a festa parece combinar melhor com o nosso inverno do que com o verão do Hemisfério Norte, uma vez que as roupas, a fogueira, as comida e as bebidas são mais propícias a serem apreciadas no frio.

    “A roupa xadrez, normalmente de flanela, os vestidos abundantes, o chapéu e os paletós remendados combinam bem com o frio do início do inverno. O mesmo pode-se dizer das comidas à base de amendoim e milho, que forram as mesas com muita criatividade e gostosuras, sem falar do carro-chefe que nos defende da noite fria: o quentão e o vinho quente, capazes de aquecer até mesmo o coração mais gélido”, brinca o professor.

    Ele avalia que as Festas Juninas foram se transformando em uma festa da comunidade humana. E os festejos não perderam a essência religiosa, visto que esses eventos viraram tema obrigatório para as quermesses nas igrejas.

    “Há cidades no Brasil em que as Festas Juninas são mais movimentadas que o Carnaval. Os grupos de quadrilhas apresentam-se em verdadeira apoteose, com criatividade e beleza. As Festas Juninas têm alimentado a criatividade de nossa cultura”, afirma.

    Quer saber mais sobre a cultura e tradição junina? Teste seus conhecimentos no quiz abaixo:

     

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