Dona do jogo Call of Duty, fabricante de armas e Meta são acusadas de homicídio culposo por tiroteio em escola
Atirador deixou 21 mortos em Uvalde em 2022
Três empresas estão enfrentando ações judiciais por homicídio culposo no tiroteio na escola de Uvalde em 2022, de acordo com denúncias apresentadas na Califórnia e no Texas.
Os processos, que acusam as empresas de “preparar” o atirador da Escola Primária Robb, surgem depois de 19 famílias de alunos e professores mortos na escola anunciarem na quarta-feira (23) que chegaram a um acordo com a cidade por US$ 2 milhões.
As empresas – Meta, Activision e Daniel Defense – contribuíram de uma forma ou de outra para o comportamento do atirador Salvador Ramos, alegam os processos.
Ramos baixou o videogame “Call of Duty: Modern Warfare” em novembro de 2021, de acordo com a denúncia apresentada na Califórnia contra a editora do jogo, Activision, Meta e outras.
O jogo apresentava uma arma da Daniel Defense chamada DDM4 V7, que serviu como “um teaser para jogadores ansiosos experimentarem a arma”, alega o processo.
Ao mesmo tempo, Ramos “estava sendo cortejado por meio de marketing explícito e agressivo” no Instagram, disse o processo. A Meta controla o Instagram, além do Facebook e do Whatsapp.
“Além de centenas de imagens retratando e glorificando a emoção do combate, Daniel Defense usou o Instagram para exaltar o uso ilegal e assassino de suas armas”, disse o processo.
“Poucas semanas depois de baixar Modern Warfare, o atirador estava pesquisando por rifles de assalto, adquirindo acessórios de armas de fogo popularizados pelo jogo e retornando repetidamente ao site de Daniel Defense.”
“Poucos minutos depois da meia-noite de 16 de maio – aniversário de 18 anos do atirador – ele comprou um DDM4V7”, dizia o processo.
“Oito dias depois, o atirador infligiu violência indescritível na Escola Primária Robb, matando 21 pessoas e ferindo e traumatizando muitas outras.”
Os investigadores do tiroteio em Uvalde encontraram um dos rifles estilo AR15 de Ramos, fabricado pela Daniel Defense, na escola, de acordo com o então senador estadual do Texas, John Whitmire, que agora é prefeito de Houston.
“Os réus são responsáveis pela profunda corrupção de nossas crianças”, diz a ação movida no Tribunal Superior da Califórnia, em Los Angeles.
“Em conjunto com alguns fabricantes de armas de fogo, eles prepararam uma geração de jovens que são socialmente vulneráveis, inseguros quanto à sua masculinidade e ansiosos por mostrar força e afirmar domínio.”
De acordo com a ação movida em Uvalde, Tribunal Distrital do Texas, a Daniel Defense corteja adolescentes aproveitando e explorando “o poder das redes sociais e das simulações de tiro em primeira pessoa para atrair adolescentes para seu site, onde pode monitorar suas atividades online, construir um perfil de seus interesses e solicitar suas informações de contato”.
Em comunicado, Josh Koskoff, sócio da Koskoff, Koskoff & Bieder e advogado das famílias, defende que há uma relação direta entre a conduta dessas empresas e o tiroteio em Uvalde.
“Muito antes de ter idade suficiente para comprar [a arma], ele foi alvo e cultivado online pelo Instagram, Activision e Daniel Defense. Este monstro de três cabeças o expôs conscientemente à arma, condicionou-o a vê-la como uma ferramenta para resolver seus problemas e treinou-o para usá-la.”
Um porta-voz da empresa Activision disse em comunicado à CNN Internacional na sexta-feira (24): “O tiroteio em Uvalde foi horrível e comovente em todos os sentidos, e expressamos nossas mais profundas condolências às famílias e comunidades que continuam afetadas por este ato de violência sem sentido. Milhões de pessoas em todo o mundo gostam de videogames sem recorrer a atos horríveis.”
A CNN Internacional entrou em contato com a Meta e a Daniel Defense para comentar e aguarda resposta.
Com informações de Shimon Prokupecz e Samantha Delouya, da CNN Internacional