Diretor brasileiro fala sobre estreia de suspense em Cannes: “Grata surpresa”
"A Casa da Árvore" foi exibido no mercado de Cannes no domingo (19) e traz Rosi Campos e Leonardo Miggiorin no elenco
“Suspense psicológico, cinema independente e colaborativo”, diz Flávio Ermírio, diretor brasileiro, sobre seu longa “A Casa da Árvore”, exibido no mercado do Festival de Cannes, na França, no domingo (19). A produção, feita durante a pandemia, integra a lista de filmes brasileiros prestigiados no evento de cinema.
Com um elenco composto por Rosi Campos, Leonardo Miggiorin, Pedro Bosnich e Cristiane Wersom, “A Casa da Árvore” acompanha Dora, bióloga que realiza uma pesquisa eticamente questionável em sua casa isolada. Ao contratar Mateus como cuidador, ambos escondem segredos que serão revelados aos poucos, levando a uma descoberta. O longa-metragem teve 10 minutos exibidos no domingo (19).
“O filme começou como um desejo de fazer algo entre amigos e não com uma história em mente. A partir desse desejo de estar junto no set e testar linguagens, a gente chegou em uma premissa da dona dessa casa com uma pesquisa misteriosa e a relação dela com o novo caseiro. Chegamos nela porque conseguimos uma casa como locação a nossa disposição. Tudo começa a se desenrolar a partir desse momento”, conta Flávio à CNN.
O ano era 2021 e o mundo enfrentava a pandemia da covid-19. Foi o mesmo momento em que Flávio recebeu o aval para produzir o longa-metragem.
“Isso fez com que a gente criasse um projeto muito peculiar e desafiador, tivemos pouquíssimo tempo, com a estrutura de um curta metragem para produzir um longa. Foram 12 pessoas, ao longo de 12 dias trabalhando mais de 12 horas por dia sem folga”, relata Flávio.
“Foi muito desgastante fisicamente, mas foi uma proposta que quisemos fazer e todo mundo topou descobrir como fazer um filme com tanta limitação criativa”, acrescenta.
No fim, o diretor enaltece o fato de que tudo valeu a pena, já que participa de Cannes com a produção, além de outros eventos. O suspense representou o Brasil e o CineFantasy na Aliança Latino Americana de Festivais de Cinema Fantástico (FantLatam), maior mercado de cinema da América Latina, no final de 2023.
“Foi uma sessão muito especial em que pudemos convidar todo mundo que participou do filme, família e amigos. Ficamos muito felizes com a indicação”, diz.
“A Casa da Árvore” participou de outros festivais de filme internacionais, como o Chelsea Film Festival, em outubro de 2023, nos Estados Unidos e, agora, o Festival de Cannes, na França.
Presença no Festival de Cannes
“Foi no CineFantasy que conhecemos o Ravier Fernández, uma das pessoas que selecionou o nosso filme para a programação oficial do evento e para concorrer no FantLatam. Ele também teve influência para levar a gente para Cannes”, conta Flávio. Para Flávio, a exibição em Cannes foi “extremamente emocionante”.
“Ver o filme na tela de um cinema dentro do pavilhão principal do Mercado de Cannes, por mais que tenham sido apenas 10 minutos do filme, foi incrível. É uma sensação de que você está onde deveria estar, de que chegou ao lugar de acesso e pertencimento nessa indústria que é tão competitiva, e agora, depois de ter participado e conhecido melhor esse universo, significa muito. Dá uma tranquilidade de que o trabalho está sendo reconhecido e de que os próximos projetos serão ainda mais potentes.”
O brasileiro ainda ressalta a importância da oportunidade de estar junto de grandes diretores, de várias partes do mundo, no evento, além de acompanhar outros filmes também em exibição. “Foi uma grata surpresa e um enorme prazer. Fiquei muito emocionado de fazer parte dessa comitiva brasileira. Houve muita troca, sinergia e contatos. Foi um momento bastante especial em que pude estar junto de artistas que admiro tanto.”
“Essa diversidade também contribui para a minha formação enquanto cineasta. Com certeza volto do festival muito mais conhecedor da indústria, um produtor mais capacitado e um diretor com um olhar renovado e mais complexo para novas narrativas e formas de conduzir essas histórias”, reflete o profissional.
Por fim, Flávio exalta a importância de enxergar o Brasil como um também participante de eventos do tipo.
“Isso tudo mostrou que quando temos um grupo engajado de pessoas talentosas trabalhando de forma colaborativa e que todos acreditam, conseguimos fazer um super resultado mesmo com um décimo do orçamento, do tempo e da equipe. Conseguimos passar por cima dessas limitações e eu, como produtor e diretor, tenho muito orgulho e espero que agora as distribuidoras internacionais também se encantem com ele”, conclui o diretor.