Mudanças climáticas prejudicam saúde mental e do coração, dizem especialistas
Tema será debatido no "CNN Sinais Vitais – Dr. Kalil Entrevista” deste sábado (25), às 19h15, na CNN Brasil
As enchentes no Rio Grande do Sul chamaram a atenção do Brasil e do mundo nas últimas semanas e, também, alertaram sobre as consequências das mudanças climáticas. De acordo com especialistas, eventos extremos como esse serão cada vez mais frequentes, com consequências na saúde física e mental da população.
Para falar sobre esse tema e explicar quais são os impactos causados pelas alterações climáticas na saúde, o Dr. Roberto Kalil recebe o médico sanitarista Gonzalo Vecina e o patologista Paulo Saldiva no “CNN Sinais Vitais – Dr. Kalil Entrevista“, exibido neste sábado (25).
“Esses eventos climáticos extremos já estão acontecendo, e junto com eles, o ressurgimento de doenças das quais nós já podíamos estar livres. É bom lembrar, em 1983 nós tivemos a reintrodução do Aedes aegypti nas áreas urbanas. Em 1940, nós conseguimos acabar com Aedes aegypti nas áreas urbanas. Por que é que ele voltou?”, questiona Vecina.
“As doenças infecciosas estão migrando, porque a temperatura está mudando. A dengue, que era uma doença de costa, está aumentando no Centro-Oeste. Febre amarela voltou em 2017 e 2018, e a gente tinha que tomar vacina não para ir para uma região remota, mas para ir para Santana”, diz Saldiva, referindo-se a um bairro da zona norte paulistana.
Além disso, eventos climáticos extremos, como o ocorrido no sul do Brasil, podem impulsionar a transmissão de vírus e aumentar o risco de diversas doenças. Nas cidades afetadas pelas enchentes, já foram detectados casos de hepatite A e duas mortes já confirmadas relacionadas à leptospirose.
Em cenários assim, também são comuns o aparecimento de tétano, sarna, pneumonia e diversos tipos de infecções respiratórias virais.
Porém, os efeitos na saúde vão além: também existem consequências psicológicas. “O indivíduo perdeu tudo, ele não consegue achar a foto do casamento dele, foi tudo embora”, diz Saldiva sobre a tragédia gaúcha.
Enchentes não são os únicos eventos que trazem riscos à saúde
Os convidados do programa também enfatizam que as enchentes não são os únicos eventos climáticos que podem trazer riscos à saúde da população. Ondas de calor intensas, como as que atingiram diversas regiões do Brasil recentemente, também podem aumentar o risco de mortalidade.
“Quando ocorrem essas ondas de calor em São Paulo, sabe quanto aumenta a mortalidade no dia seguinte, por causas naturais? 50%”, diz Saldiva. “E ninguém morre de hipertermia, que é chegar numa maratona com convulsão, ou de hipotermia, que é estar nos Andes e congelar. Morre porque aumentou o calor, tem vasodilatação, você transpira, concentra o sangue, o rim tem que absorver mais, então tem chance de fazer uma infecção. Só que a causa da morte não aparece como clima, aparece como infarto, trombose…”, afirma o patologista.
De acordo com o especialista, a estimativa é de que seis a sete milhões de pessoas morram precocemente por ano devido à poluição. Além disso, considerando as mudanças climáticas relacionadas à temperatura, o Brasil tem uma perda estimada de R$ 1,5 bilhão em produtividade, devido a mortes em idade produtiva.
“Nós temos que acordar para essa necessidade. É preciso que repensar nosso comportamento. É fundamental que haja uma percepção que temos que começar a fazer o que virá a ser a salvação do mundo”, completa Vecina.
O “CNN Sinais Vitais – Dr. Kalil Entrevista” vai ao ar no sábado, 25 de maio, às 19h15, na CNN Brasil.