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    Onda de calor atinge a Europa e aumenta preocupações sobre as mudanças climáticas

    Temperatura em Madri chegou a 40ºC na sexta-feira (17)

    Da Reuters

    A Espanha está sofrendo com as altas temperaturas no início do verão no Hemisfério Norte, uma área da França proibiu eventos ao ar livre e a seca perseguiu agricultores italianos quando uma onda de calor fez com que os europeus buscassem sombra e se preocupassem com as mudanças climáticas.

    Tanto era o calor que o Royal Ascot Racecourse da Inglaterra até viu uma rara mudança de protocolo: os convidados foram autorizados a tirar chapéus e jaquetas depois que a realeza passou.

    “Evite se expor demais ao sol, hidrate-se e cuide dos mais vulneráveis para que não sofram insolação”, foi o conselho do primeiro-ministro espanhol Pedro Sanchez em Madri durante um evento, oportunamente, sobre desertificação.

    As temperaturas chegaram a 40ºC em Madri na sexta-feira (17), informou a agência meteorológica nacional AEMET. Os termômetros não marcavam essa temperatura desde 1981.

    As regiões do norte da Itália correm o risco de perder até metade de sua produção agrícola devido à seca, disse uma empresa agrícola, já que lagos e rios começam a ficar com níveis de água perigosamente baixos, prejudicando a irrigação.

    A federação de empresas italianas de serviços públicos, Utilitalia, alertou esta semana que o rio mais longo do país, o Pó, está passando por sua pior seca em 70 anos, deixando muitas seções da vasta hidrovia do norte completamente secas.

    A onda de calor aumentou a pressão sobre os sistemas de energia, já que a demanda por ar-condicionado corre o risco de elevar os preços, aumentando o desafio de ampliar os estoques para proteger contra novos cortes no fornecimento de gás russo.

    ‘Risco de vida’

    Na França, o departamento de Gironde nos arredores de Bordeaux proibiu eventos públicos, incluindo shows e locais fechados sem ar condicionado, disse uma autoridade local.

    “Todo mundo agora enfrenta um risco para a saúde”, disse Fabienne Buccio, prefeito de Gironde, à rádio France Bleu.

    As temperaturas em muitas áreas da França atingiram 40ºC pela primeira vez este ano na quinta-feira (16) e devem atingir o pico neste sábado, podendo chegar a 42ºC. Uma temperatura noturna recorde para junho, 26,8ºC foi registrada em Tarascon, sul da França.

    Quatorze departamentos administrativos estavam em alerta vermelho, com crianças em idade escolar sendo instruídas a ficar em casa nessas áreas. Os limites de velocidade foram reduzidos em várias regiões, inclusive em torno de Paris, para limitar as emissões de gases de escape e o acúmulo de poluição nociva.

    O serviço meteorológico britânico disse que sexta-feira foi o dia mais quente do ano até agora, com temperaturas acima de 32ºC em algumas partes do sudeste.

    Parques, piscinas e praias estavam lotados e, enquanto muitos desfrutavam de um dia de diversão e liberdade após dois anos de restrições periódicas da pandemia, alguns também estavam preocupados.

    “Sou de Chipre e agora em Chipre está chovendo… e estou fervendo aqui, então algo deve mudar. Precisamos tomar precauções sobre as mudanças climáticas mais cedo ou mais tarde, porque sem dúvida é preocupante para todos nós”, disse estudante Charlie Uksel, visitando Brighton, ao sul de Londres.

    “Agora estamos gostando, mas a longo prazo pode ser um sacrifício.”

    As nações mediterrâneas estão cada vez mais preocupadas com a forma como as mudanças climáticas podem afetar suas economias e vidas.

    “A Península Ibérica é uma área cada vez mais seca e o fluxo de nossos rios está cada vez mais lento”, acrescentou o líder espanhol Sanchez.

    Bombeiros estavam combatendo incêndios florestais em várias partes da Espanha, sendo a Catalunha, no leste da Espanha, e Zamora, perto da fronteira oeste com Portugal, os mais atingidos.

    Em Zamora, entre 8.500 e 9.500 hectares viraram cinzas.

    A nuvem de ar quente estava poupando Portugal na sexta-feira (17), onde as temperaturas não eram tão altas quanto em outras nações europeias, com Lisboa atingindo 27ºC.

    No entanto, o mês passado foi o maio mais quente em 92 anos, disse a agência meteorológica de Portugal IPMA. O órgão alertou que a maior parte do território está sofrendo com uma seca severa.

    As albufeiras [lagos] de Portugal têm níveis de água baixos, sendo a barragem de Bravura das mais afetadas apenas 15% cheia.

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