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    Ações da Petrobras fecham com queda de 7% com receios de interferência na estatal

    Combinação de cenário global negativo, queda do petróleo e incerteza sobre futuro da estatal também prejudicaram as ações

    João Pedro Malardo CNN Brasil Business , em São Paulo

    As ações da Petrobras operam entre as principais quedas do Ibovespa nesta sexta-feira (17), refletindo tanto um contexto negativo no mercado, com queda generalizada de ativos, quanto temores sobre possíveis interferências na estatal e sua política de preços.

    A ação ordinária da estatal (PETR3) fechou com queda de 7,25%, cotada a R$ 32,27. Já o papel preferencial (PETR4) tinha queda de 6,09%, a R$ 29,08. Por volta das 15h, as ações chegaram a registrar perdas de 10%. Além da Petrobras, as principais empresas ligadas a commodities na bolsa recuaram, como Vale, Gerdau, CSN e PetroRio.

    Nesta sexta-feira, a estatal anunciou novos reajustes nos preços da gasolina e do diesel, justificados pela alta defasagem em relação aos preços internacionais e o consequente risco de desabastecimento devido à queda nas importações.

    A gasolina sube 5,18%, ou R$ 0,15 por litro, enquanto o diesel tem acréscimo no preço de 14,26%, equivalente a R$ 0,63 por litro.

    O reajuste no preço do diesel foi antecipado pela analista de economia da CNN Raquel Landim. Segundo fontes, o conselho de administração da estatal decidiu pelo aumento em reunião na quinta-feira (16), marcada por divergências entre os conselheiros.

    O anúncio foi criticado pelo presidente Jair Bolsonaro, que afirmou que a Petrobras “pode mergulhar o Brasil num caos” e destacando que o governo federal, enquanto acionista majoritário da empresa, é contra qualquer aumento nos preços dos combustíveis.

    Flavio Conde, analista de ações da Levante Investimentos, afirma que o reajuste é positivo para a Petrobras, já que reduz a defasagem internacional para os padrões normais e deve melhorar os resultados financeiros da empresa no terceiro trimestre.

    Para ele, as ações da empresa estão caindo nesta sessão, diferente do que ocorreu anteriormente, porque “conforme o preço da gasolina e do diesel, diminui a chance do presidente Bolsonaro ser reeleito e aumenta a chance do ex-presidente Lula ser eleito, e ele já disse em campanha que vaia abrasilerar os preços dos combustíveis, ou seja, não vão seguir a paridade de preço internacional, o que faria com que o resultado da Petrobras, que está sendo recorde”.

    Outro ponto citado por ele é o posicionamento contrário do presidente da Câmara, Arthur Lira, ao reajuste, e a promessa dele de discutir a política de preços e possíveis alterações.

    Entretanto, o desempenho da empresa acompanha o de outras petrolíferas pelo mundo, que recuam junto com a queda de mais de 5% no preço do petróleo devido a uma expectativa de desaceleração da economia e demanda menor, e das bolsas como um todo, com a saída de investimentos em meio à alta de juros em diversas economias.

    Em comunicado, a Ativa Investimentos afirma que “entendemos que a ação foi desenvolvida por lideranças que estão de saída da companhia, o que impede a dissolução das assimetrias referentes ao tema para os próximos meses”.

    Para a corretora, “ainda que as questões políticas intensifiquem as assimetrias e contribuam para uma maior queda do papel, a motivação principal para o movimento baixista segue sendo a adaptação dos mercados a nova realidade conjuntural deflagrada pelos últimos números de atividade e preços divulgados de forma global”.

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