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    Ibovespa fecha em queda de quase 3% e abaixo de 100 mil pontos; dólar vai a R$ 5,15

    Moeda norte-americana valorizou 2,35% com cenário externo e doméstico impactando o dia

    João Pedro Malardo CNN Brasil Business*Ana Carolina Nunesdo CNN Brasil Business , em São Paulo

    O Ibovespa encerrou esta sexta-feira (17) em queda de 2,9%, o que fez o principal índice da B3 ficar abaixo dos 100 mil pontos, aos 99.824,94 pontos, voltando aos níveis de novembro de 2020, com os temores de recessão global derrubando commodities, enquanto Petrobras fechou com perdas em torno de 7% – com picos de 10% ao longo do dia – também refletindo risco político após anunciar reajuste nos preços de combustíveis.

    Já o dólar avançou 2,35%, cotado a R$ 5,146, refletindo um aumento da aversão a riscos nesta semana, influenciado pelo movimento mais agressivo dos bancos centrais de grandes economias no combate à inflação e temores que isso leve a uma recessão global. Com isso, mercados mais arriscados, como o brasileiro, acabam perdendo investimentos.

    Nos Estados Unidos, o Federal Reserve elevou os juros em 0,75 ponto percentual, na maior alta desde 1994, e deixou uma porta aberta para um aumento na mesma magnitude em julho. Os investidores reforçaram apostas de que a economia do país entrará em recessão para controlar a maior inflação em 40 anos.

    Também nesta semana, os bancos centrais da Argentina, Brasil, Hungria, Inglaterra e Suíça subiram suas taxas de juros. A alta pelo banco central suíço pegou o mercado de surpresa, e foi a primeira em mais de uma década, o que piorou o sentimento global.

    Já a taxa básica de juros do Brasil, a taxa Selic, subiu para 13,25%, com o Comitê de Política Monetária (Copom) sinalizando que subirá os juros novamente na próxima reunião, em agosto, em no máximo 0,5 ponto percentual, quando o ciclo de alta deverá ser encerrado.

    Internamente, o mercado acompanha os desdobramentos em torno do novo reajuste nos preços dos combustíveis anunciado pela Petrobras nesta sexta-feira. As ações da estatal estão entre as principais quedas desta sessão.

    O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e o presidente Jair Bolsonaro criticaram o movimento, e há um temor de possíveis interferências na estatal e esforços para mudar a política de preços, o que pode repelir investimentos estrangeiros.

    A bolsa de valores não teve operação na quinta-feira (16), devido ao feriado de Corpus Christi. Na quarta-feira (15), o dólar teve queda de 2,07%, a R$ 5,027, na maior queda percentual em cerca de um mês. Já o Ibovespa subiu 0,73%, aos 102.806,82 pontos.

    Sentimento global

    Os investidores ainda mantém uma forte aversão global a riscos desencadeada por temores sobre uma possível desaceleração econômica generalizada devido a uma série de altas de juros pelo mundo para conter níveis recordes de inflação, o que prejudicaria diversos tipos de investimentos.

    A principal causa para essa aversão é o ciclo de alta de juros nos Estados Unidos, com a elevação mais recente anunciada pelo Federal Reserve em 4 de maio. A autarquia já subiu os juros em 0,75 ponto percentual, a maior elevação desde 1994, e o mercado teme que a economia do país esteja caminhando para uma recessão.

    Os juros maiores nos Estados Unidos atraem investimentos para a renda fixa do país devido a sua alta segurança e favorecem o dólar, mas prejudicam os mercados de títulos e as bolsas ao redor do mundo, inclusive as norte-americanas.

    Ao mesmo tempo, os investidores acompanham os dados sobre a economia do país para entender o quão agressivo o Fed poderá ser no processo.

    No fim de maio e começo de junho, por exemplo, a visão de que a autarquia não seria tão agressiva no ciclo e o fim de lockdowns em cidades importantes da China aliviaram temores e ajudaram o Ibovespa e o dólar a se recuperar.

    Nas últimas semanas, porém, o cenário mudou. A inflação de maio do Estados Unidos sinalizou um quadro mais negativo, reforçando apostas de juros terminais maiores. O Banco Central Europeu (BCE) sinalizou altas de juros a partir de julho, enquanto a China enfrenta um novo aumento de casos de Covid-19 com temores de novas restrições e o risco fiscal no Brasil voltou a ganhar força.

    Com isso, a combinação de um cenário doméstico debilitado e a perspectiva no exterior de fortes apertos monetários voltaram a prejudicar o mercado brasileiro.

    *Com informações da Reuters

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