Com estrela do TikTok, “Um Broto Legal” apresenta Celly Campello para a nova geração
A atriz e tiktoker Marianna Alexandre interpreta a cantora que introduziu o rock'n'roll no Brasil nos anos 1950; filme estreia nos cinemas nesta quinta-feira (16)
Antigamente, dançava-se em bailes, depois em baladas e agora se dança nas mídias sociais. Mas seja qual for o meio, a mensagem permanece a mesma: todo mundo já ouviu “Estúpido Cupido” e “Banho de Lua”, algumas das músicas mais famosas da cantora paulista Celly Campello, que estourou no fim dos anos 1950 com interpretações brasileiras de músicas de rock internacionais.
“Um Broto Legal” chega nesta quinta-feira (16) aos cinemas brasileiros e traz Marianna Alexandre como Celly e Murilo Armacollo como Tony Campello, o principal incentivador da carreira da irmã. Com bons números musicais e uma história leve, acompanhamos a jornada da menina interiorana de Taubaté, que depois de lutar para conseguir seu espaço como “a moça do rock”, chegou até a rede nacional com um programa na Rede Record, em 1959.
O trabalho de pesquisa para o filme foi intenso e se reflete nos mínimos detalhes, que vão dos figurinos até às gírias usadas pelos personagens. O diretor Luiz Alberto Pereira teve um grande aliado na produção do filme: o próprio Tony.
“Pesquisei e reuni muitos documentos sobre Celly, revistas, filmes, mas o verdadeiro arquivo vivo foi Tony Campello, que nos ajudou com sua memória incrível, apontando diversos detalhes que tínhamos de seguir”, conta Pereira.
Além de ajudar na produção, Tony se viu representado no filme por meio de Murilo Armacollo. O cantor ajudou o ator a se portar como um rockstar dos anos 1950.
“Ele me deu várias dicas de como posicionar meu corpo, empostar minha voz e deixar tudo o mais próximo do que era natural para ele”, conta o ator. “Ninguém melhor que o Tony para alinhavar essa história de maneira tão precisa”.
Apesar da ajuda, Armacollo já tem experiência com filmes de época, o que explica o fato de estar tão à vontade no papel de Tony Campello.
“Já trabalhei com as décadas de 1950 e 60 no teatro e em outras produções, mas ‘Um Broto Legal’ foi mesmo uma coqueluche”, ri.
Celly na atualidade
O longa não se encaixa 100% no gênero musical, mas muitos dos hits atemporais da cantora estão no filme e é nessa popularidade permanente da artista que a equipe aposta ao querer trazer o público jovem para o cinema.
A nostalgia de quem ouvia a cantora já atrairá os mais velhos, mas a internet pode dar um empurrãozinho na divulgação do filme para os que tem menos idade.
A atriz Marianna Alexandre, que interpreta Celly, tem mais de 6 milhões de seguidores no TikTok e considera os aplicativos como uma extensão do seu trabalho.
“Eu não era muito ativa nas mídias sociais”, diz ela. “Nós gravamos o filme em 2019 e foi durante a pandemia que eu comecei a gravar TikToks com algumas atuações e canções da Celly, inclusive.”
@marianna_alexandre Responder @marianna_alexandre #pov PART2 Você recebe uma certa quantidade de piscadas |ib: @devincaherly #povs #drama #maripovs ♬ original sound – Bailey
Marianna já dançou muito ao som de Celly Campello que eram escutadas pelos pais, mas reconhece que não é todo jovem que sabe cantar as músicas.
“Converso muito com meus fãs para mantê-los nas minhas redes e alguns deles dizem que não conhecem a Celly, Aí eu vou e canto um trecho de uma música dela nas redes.”
O filme constrói muito bem a relação do espectador com Celly. Ao acompanhar cada passo dela, torcemos pelo seu sucesso, mesmo que a história mantenha um pé na realidade. Porém, quem conhece mais as músicas do que a biografia da cantora, se surpreende com o fim do filme que traz Celly desistindo da sua carreira, aos 20 anos de idade, para se casar com seu namorado.
A atriz Marianna tem apenas um ano a mais que Celly tinha quando ela se aposentou, mas a protagonista não vê sua carreira parando tão cedo. Ela reconhece, porém, que a desistência de Celly se encaixa em um contexto diferente, em uma outra época.
“Existem mulheres daquela época que fizeram suas carreiras e continuaram cantando, o que não foi o caso da Celly”, diz Marianna. “Claro que foi chocante para o público, mas ela queria ser uma garota normal e pareceu bem tranquila com a decisão dela”.
De fato, o grande entusiasta da carreira da cantora era seu irmão, que a convenceu a sair de Taubaté e que sofreu quando Celly deixou o programa de TV que faziam em parceria. Após a aposentadoria, choveram convites para programas de TV e outras apresentações, mas ela só topou reaparecer em 1976, na novela “Estúpido Cupido”, quando gravou uma versão atualizada da música homônima.
Celly morreu em 2003, vítima de câncer de mama. Ela conseguiu a vida normal que almejava, pelo menos de forma parcial, já que a fama nunca a deixou totalmente. Quase 20 anos após a sua morte, o rock ainda não terminou.