Alesp convoca sessão para votar suspensão de deputado que xingou papa
Esta será a sétima tentativa de votação da punição contra Frederico d'Avila (PL)
A Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) convocou para a próxima terça-feira (21), a votação da perda temporária do mandato do deputado Frederico d’Avila (PL). Caso a maioria dos deputados vote sim, d’Avila será suspenso por três meses.
Uma representação foi aberta contra d’Avila após o deputado ter usado uma sessão em plenário para ofender o arcebispo de Aparecida, o papa Francisco e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Essa será a sétima tentativa de votação. De acordo com a tramitação do processo na Alesp, outras cinco sessões foram adiadas por falta de quórum na casa: nos dias 10, 11, 24 e 25 de maio, e duas sessões no dia 7 de junho.
A punição foi aprovada pelo Conselho de Ética da Casa, que avaliou o caso e determinou a suspensão temporária, conforme projeto de resolução nº 3 de 2022.
Entenda o caso
Em 12 de outubro, Dia de Aparecida, o arcebispo Dom Orlando Brandes fez um pronunciamento pedindo pelo desarmamento e enfatizando que “uma pátria amada não pode ser pátria armada”.
Após as falas do bispo, o deputado foi a plenário no pequeno expediente da Alesp e fez as ofensas. d’Avila chamou o papa de “vagabundo”, o arcebispo de Aparecida de “vagabundo” e “safado” e os religiosos da Igreja Católica de “pedófilos safados”. O deputado disse ainda que a CNBB “é um câncer”.
Ainda em outubro, a CNBB entregou uma carta para a presidência da Alesp pedindo punição do deputado.
Em novembro de 2021, o Conselho de Ética aceitou a abertura dos processos de representação contra d’Avila. Após votação da comissão, os integrantes decidiram pela perda de mandato temporária.
Em junho de 2022, o cardeal Odilo Pedro Scherer encaminhou para o presidente da Alesp, o deputado Carlão Pignatari (PSDB), um ofício pedindo que a “gravidade daquela manifestação infeliz seja devidamente considerada pelo Legislativo paulista no discernimento sobre as medidas a serem tomadas”.
“As palavras do referido deputado não ofendem apenas o povo religioso representado, como também agridem a dignidade do cargo e a liberdade religiosa, garantidas pela Constituição Federal e pelo princípio de laicidade do Estado brasileiro”, argumentou o cardeal.