Lula e Bolsonaro tinham receio de cassação de Moro
Presidente e ex-presidente manifestavam a aliados preocupação com turbulência política
A absolvição do senador Sergio Moro (União Brasil-PR) pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não encontrava resistência nem em Luiz Inácio Lula da Silva nem em Jair Bolsonaro.
Nos últimos meses, os dois tinham dúvidas se a realização de uma eleição suplementar no Paraná causaria turbulência política. E se, neste momento, seria melhor para ambos a permanência de Sergio Moro no posto de senador.
Em conversas com senadores, Lula teria demonstrado descrença sobre um nome da esquerda para vencer uma eventual eleição suplementar.
O receio era de que a vaga ficasse com um bolsonarista, o que poderia fortalecer a oposição ao governo federal no Senado Federal.
O petista não escondia a avaliação, segundo assessores do governo, de que era melhor um senador escanteado do que um nome de postura radical.
No Palácio do Planalto, a avaliação era também de que a cassação de Moro poderia transformá-lo em uma espécie de mártir, fortalecendo eventuais planos presidenciais.
Jair Bolsonaro também indicava não ser contrário a uma permanência de Moro, sobretudo diante da pressão para que Michelle Bolsonaro fosse candidata em uma eleição suplementar.
Além disso, o entorno do ex-presidente dizia que, caso houvesse chances de uma vitória da esquerda, Bolsonaro teria que entrar de cabeça na disputa estadual.
Por isso, a absolvição de Moro não causou surpresa nem em Lula nem em Bolsonaro, dizem aliados de ambos.
Tanto é que o PT já decidiu não recorrer ao STF (Supremo Tribunal Federal). E o PL tem dúvidas se realmente um recurso seria o melhor caminho político.