Deputados cobram governo por maior investimento em segurança pública no Amazonas
No Debate CNN desta terça-feira (14), os Capitão Alberto Neto (PL-AM) e José Ricardo (PT-AM) ressaltaram a dimensão territorial do Estado e a quantidade de atividades ilegais que acontecem na região
Em Debate CNN desta terça-feira (14), os deputados federais Capitão Alberto Neto (PL-AM) e José Ricardo (PT-AM) discutiram a falta de investimento em segurança pública no Estado do Amazonas. O desaparecimento do indigenista Bruno Araújo Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips na região do Vale do Javari colocaram luz sobre a questão.
Em entrevista à CNN, missionário do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) Chico Gunther afirmou que o maior problema da Amazônia é o crime organizado. “Um dos grandes problemas da região, sobretudo nas áreas de fronteira, é o crime organizado. Para as próprias lideranças indígenas e aqueles que os apoiam, não tem muito a quem recorrer em termos de segurança. As medidas que normalmente eles tomam é no sentido de andar mais conjuntamente para que não sejam alvos fáceis dessa bandidagem que está avançando no interior das terras indígenas”, disse o missionário.
Apoiador de Jair Bolsonaro (PL), Capitão Alberto Neto concordou com a afirmação de Gunther. O deputado do PL até elogiou a parceria feita entre o governo federal e o programa VIGIA para a criação da Base Arpão, que ajudou no avanço do combate ao narcotráfico na região, mas concordou que não é o suficiente. “A área onde ocorreu o desaparecimento é uma área gigantesca que precisa do uso de tecnologia para melhor vigilância”, iniciou.
Segundo o parlamentar, o estado tem dimensões continentais e faz fronteira com os maiores produtores de droga do mundo. “É uma região muito complexa, onde precisamos de grandes investimentos na segurança pública”, afirmou o capitão. “É um local em que precisamos de um olhar diferenciado, aumentar o efetivo, mais bases como a Arpão, bases móveis, trabalho com vante, drones e utilizar tecnologia para fazer essa defesa na fronteira. As nossas estradas são os rios, então precisamos de ter uma cobertura fluvial”, completou.
José Ricardo foi na mesma linha, apontando que há uma série de atividades ilegais que precisam ser controladas. “O desaparecimento está mostrando qual a realidade que nós temos lá, dessa ausência quase completa do poder público, principalmente federal, mas também estadual. Essa é uma região onde você tem a figura do narcotráfico e uma série de outras atividades ilegais”, apontou.
“O que acontece é que hoje nós temos as demarcações paralisadas, por tanto, reduzindo a presença da estrutura da Funai e da segurança. A Polícia Federal é reduzida e menos presente na região de fronteira”, citou o petista, que criticou o descaso do atual governo e o enfraquecimento de órgãos como o Ibama e a Funai.
A CNN Brasil entrou em contato com Ministério da Defesa e com o Ministério da Justiça e Segurança Pública para obter posicionamento dos órgãos sobre as falas dos deputados, mas ainda não obteve resposta.
Confira a nota do governo do Amazonas sobre a declaração de José Ricardo
“É importante salientar que a região do Vale do Javari é uma reserva federal e compreende também o perímetro das fronteiras, cuja atribuição é das forças federais.
A Secretaria de Segurança Pública do Amazonas informa que tem realizado frequentes operações na região sob jurisdição do Governo do Estado para coibir o crime de tráfico de drogas e atuação do crime organizado na área. Em março deste ano, por exemplo, foi realizada a Operação Hórus em Atalaia do Norte, com o envio de cerca de 170 policiais das tropas especializadas da Polícia Militar para ações de repressão qualificada.
Na região do Solimões, o governo estadual implantou a Base Fluvial Arpão que faz a fiscalização diária das embarcações que navegam pela área. Houve também a criação da primeira frota de lanchas blindadas das polícias, o que permitiu intensificar as operações policiais nos rios em combate ao tráfico de drogas. Isso resultou em recordes na apreensão de entorpecentes, por exemplo, mais de 27 toneladas de drogas.”
Assista ao debate completo no vídeo acima