Privatização da Petrobras tem apoio popular, mas governo não vai acelerar processo, diz Bolsonaro
Para presidente, caso Congresso aprove projeto que reduz impostos sobre os combustíveis, preço da gasolina poderá cair R$ 2
O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta segunda-feira (13) que a privatização da Petrobras tem um “apoio popular muito grande” e que o governo apresentou uma “proposta inicial” para a desestatização da empresa, mas que não irá acelerar o processo.
“Quando se fala em privatizar, qualquer empresa demora anos. A Petrobras, se você fala em privatizar, leva no mínimo quatro anos. A gente apresentou uma proposta inicial, não vamos botar o pé no acelerador”, disse em entrevista à rádio CBN de Recife.
Segundo o presidente, a venda da estatal tem um “apoio popular muito grande” que “até há pouco tempo” não existia. Ele voltou a criticar o lucro da empresa. Em maio, a petroleira declarou seu terceiro maior lucro trimestral da história, de R$ 44,5 bilhões.
“O povo está vendo que a Petrobras só visa lucro. Nada mais além disso”, afirmou.
Em relação aos planos de privatização, o novo ministro de Minas Energia, Adolfo Sachsida, afirmou em maio, ao assumir o cargo, que pediria ao ministro Paulo Guedes (Economia) a inclusão do tema no Programa Nacional de Desestatização, como primeira medida de sua gestão. Sachsida também prometeu estudos para viabilizar a venda da estatal.
Bolsonaro citou prejuízos causados pela empresa ― com obras iniciadas e não concluídas em três refinarias que geraram um endividamento ao governo que acima de “R$ 100 bilhões” ― como justificativa para que seja vendida. Segundo ele, a Petrobras foi “assaltada entre 2003 e 2016”.
“Quando se fala em privatizar a Petrobras, é que ela, de acordo com quem está na frente, é uma empresa que realmente dá prejuízo para todos nós. No ano passado, o meu governo pagou R$ 100 bilhões dessa dívida da Petrobras. Nós temos que pagar. E alguns falam que não houve roubo”, afirmou.
De acordo com o presidente, a devolução de R$ 6 bilhões por delatores investigados em esquemas de corrupção mostra que houve “roubo” na estatal. “Só para o governo americano a Petrobras pagou no ano passado R$ 3 bilhões, tendo em vistas interferências no preço do combustível, a má gestão aqui. E a Petrobras tem a responsabilidade”, disse.
Queda do preço dos combustíveis
O presidente estimou ainda uma queda do preço da gasolina caso o Congresso aprove o projeto que reduz os impostos sobre os combustíveis.
“Espero votar até amanhã a questão dos combustíveis. Há uma possibilidade de diminuir em R$ 2 o preço da gasolina”, afirmou.
O Senado deve votar hoje o projeto de lei aprovado pela Câmara que limita o Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre os combustíveis.
A informação já havia sido antecipada pelo relator do projeto, o senador Fernando Bezerra (MDB-PE), na última terça-feira (7).
Bezerra manteve em seu relatório a estrutura do texto aprovado na Câmara. A proposta classifica combustíveis, transporte público, comunicação e energia elétrica como bens essenciais, o que faz com que o ICMS incidente sobre esses produtos pelos estados fique limitado a 17%, com efeito imediato após a sanção do projeto.
*Publicado por Estêvão Bertoni, com informações de Brenda Silva e João Victor Soares, da CNN