“Certamente há um risco de recessão”, diz ex-secretário do Tesouro dos EUA à CNN
Larry Summers afirmou que cenário de inflação alta e desemprego baixo no país tende a ser seguido por uma recessão
O ex-secretário do Tesouro dos Estados Unidos Larry Summers afirmou em entrevista à CNN que a economia norte-americana corre risco de entrar em recessão nos próximos dois anos.
Summers, que ocupou o cargo durante o governo do ex-presidente Bill Clinton, discordou da fala da atual secretária, Janet Yellen, de que o país não corre risco de enfrentar um quadro de recessão.
“Acho que quando a inflação está tão alta quanto agora e o desemprego está tão baixo quanto está, é quase sempre seguido em 2 anos por uma recessão”, avaliou.
Ele ainda citou como sinais de alertas a situação atual nos mercados de ações e de títulos do Tesouro, além dos dados de sentimento do consumidor. Para ele, “certamente há um risco de recessão no ano que vem, e é mais provável que ela ocorra nos próximos 2 anos”.
Para o ex-secretário, os mais otimistas erraram em 2021 ao dizer que os Estados Unidos não enfrentariam uma inflação descontrolada, e estão errando novamente agora ao prever que o país evitará uma recessão.
Mesmo assim, ele considera que há pouco o que o governo possa fazer para conter a inflação, no maior valor desde 1981. “A inflação depende do Putin e do petróleo, há um risco de subir mais, não acho provável que recue rapidamente, e acho que as estimativas do Federal Reserve tem sido muito otimistas”, disse.
Na semana anterior, o preço do galão de gasolina nos Estados Unidos atingiu US$ 5 pela primeira vez na história, e Summers afirmou que o valor gira em torno da geopolítica e da situação na Ucrânia.
Ele espera que o Fed reconheça a gravidade do problema e mude suas expectativas para a inflação na reunião de política monetária desta semana, e que é importante manter a independência do banco central dos Estados Unidos para que ele faça o necessário para reduzir as pressões inflacionárias.
Dentre as ações que o governo do presidente Joe Biden poderia tomar contra a inflação, Summers citou a redução de tarifas para produtos vindos da China, que segundo ele torna os produtores norte-americanos menos produtivos, assim como o aumento de impostos cortados durante o governo do ex-presidente Donald Trump e a redução dos preços e remédios.