Acusação de estupro contra Cristiano Ronaldo é arquivada nos EUA
Juíza alega que o advogado da acusadora usou documentos vazados e confidenciais no processo; caso teria acontecido em 2009 em um quarto de hotel, em Las Vegas
O caso civil federal alegando que o jogador de futebol português Cristiano Ronaldo estuprou uma mulher em 2009 em um quarto de hotel, em Las Vegas, foi arquivado na última sexta-feira (10).
A juíza Jennifer Dorsey acatou a recomendação de um magistrado federal, dizendo que o advogado da acusadora Kathryn Mayorga se envolveu em má conduta tão severa que seria impossível para Ronaldo ter um julgamento justo.
“Por causa dos abusos de seu advogado e a flagrante evasão do processo de litígio adequado, Mayorga perde a oportunidade de prosseguir com este caso”, decidiu Dorsey.
O caso foi arquivado com trânsito em julgado, o que significa que Mayorga não pode mais recorrer da decisão.
Mayorga alega ter sido coagida a assinar um acordo de não divulgação após o suposto estupro, que Ronaldo afirmou ter sido um encontro sexual consensual. Ela recebeu por US$ 375 mil para ficar em silêncio.
Mayorga pediu à juíza para que anulasse esse acordo.
A existência do acordo foi relatada pela primeira vez em 2017 pelo jornal alemão Der Spiegel, que vazou conversas confidenciais dos advogados de Ronaldo.
Para a decisão, o tribunal considera que um dos advogados de Mayorga, Leslie Stovall, procurou diretamente a fonte desse vazamento para ter acesso aos documentos, incluindo “os relatórios e comunicações dos advogados e investigadores que representam e defendem Ronaldo após o ataque sexual através das negociações e assinatura de não divulgação”.
“O uso repetido de documentos roubados e privilegiados por Stovall para o processo tem todos os indícios de conduta de má-fé”, escreveu a magistrada.
Dorsey considerou que “os documentos desviados e seu conteúdo confidencial foram tecidos na própria reinvindicação de Mayorga”, afirmando que a simples retirada do conteúdo do caso e desqualificação de Stovall como advogado não seriam suficientes para recuperar o prejuízo causado a Ronaldo.
A CNN procurou Stovall para comentar a decisão, mas ainda não obteve retorno.
O advogado de Ronaldo, Peter Christiansen, disse, em e-mail enviado à CNN neste sábado (11), que “desde que o autor entrou com o processo pela primeira vez em 2018, a defesa tem mantido que a ação foi movida de má fé”. “O arquivamento total do caso deve renovar confiança de todos os que acompanham esse processo na Justiça, enquanto dissuade aqueles que procuram prejudicá-la.”
O Departamento de Polícia Metropolitana de Las Vegas reabriu uma investigação criminal a pedido de Mayorga em agosto de 2018. Em julho de 2019, o Gabinete do Procurador Distrital do Condado de Clark anunciou que não prosseguiria com as acusações criminais, dizendo que as alegações não podiam ser comprovadas além de qualquer dúvida razoável.