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    Dólar fecha em alta de 1,48%, a R$ 4,99, com inflação nos EUA; Ibovespa cai 1,51%

    Principal índice da B3 encerrou o pregão aos 105.481,23 pontos

    Guerra na Ucrânia segue no radar dos investidores
    Guerra na Ucrânia segue no radar dos investidores Getty Images

    João Pedro MalarArtur Nicocelido CNN Brasil Business* em São Paulo

    O dólar fechou em alta de 1,48%, a R$ 4,989, nesta sexta-feira (10), depois da inflação dos Estados Unidos em maio superar as expectativas do mercado, voltando a acelerar e atingindo o maior valor desde 1981 no acumulado de 12 meses: 8,6%. O dado norte-americano reforça apostas em um ciclo mais extenso de alta de juros pelo Federal Reserve.

    Esse foi o maior valor desde o dia 16 de maio (R$ 5,05). Em relação à última sexta-feira, o dólar ganhou 4,43% –  seu segundo avanço semanal seguido.

    O Ibovespa, por sua vez, caiu 1,51%, aos 105.481,23 pontos, refletindo tanto as novas expectativas em relação aos juros norte-americanos quanto a queda do minério de ferro na China após novas restrições, afetando ações de mineradoras e siderúrgicas.

    Essa foi o patamar mais baixo desde 11 de maio, quando bateu 104.397. À época, a bolsa foi favorecida por uma aversão menor a riscos ao redor do mundo e pela alta de ações ligadas a commodities, principalmente o petróleo e o minério de ferro.

    Outro ponto que também puxou o índice para baixo foi a Eletrobras, após as ações serem precificadas a R$ 42 no processo de capitalização. O valor, apesar de superior ao mínimo exigido pelo governo, foi menor que o do último fechamento de mercado, na casa dos R$ 43, mas analistas atribuem o recuo ao cenário negativo na bolsa.

    O Banco Central fez nesta sessão leilão de até 15 mil contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 1° de agosto de 2022. A operação do BC ajuda a dar liquidez na moeda, mas especialistas consultados pelo CNN Brasil Business apontam que o órgão poderia atuar mais para conter a volatilidade do câmbio.

    Na quinta-feira (9), o dólar fechou em alta de 0,53%, a R$ 4,916. Já o Ibovespa caiu 1,18%, aos 107.093,71 pontos, no menor patamar desde 19 de maio.

    Minério de ferro

    Os preços do minério de ferro caíram nesta sexta-feira, com o contrato de referência na bolsa de Cingapura caminhando para uma perda semanal devido a preocupações renovadas com a demanda pelo produto na China, onde novos alertas de Covid-19 ameaçam atrapalhar a reabertura da economia e as margens do aço estão sob pressão.

    O contrato de minério de ferro mais negociado em setembro na bolsa de commodities de Dalian da China encerrou as negociações diurnas em queda de 1,7%, a 914,50 iuanes (US$ 136,83) a tonelada.

    Na Bolsa de Cingapura, o contrato de julho mais ativo do ingrediente siderúrgico caiu 1,9%, para US$ 139 a tonelada, com queda semanal de 2,6%.

    O centro comercial de Xangai, na China, enfrenta uma rodada inesperada de testes em massa de Covid-19 neste fim de semana, após a descoberta de alguns casos na comunidade, apenas 10 dias após a suspensão de um lockdown em toda a cidade que prejudicou as empresas.

    “A China continua sendo uma grande fonte de incerteza para o crescimento global”, disseram analistas do J.P.Morgan em nota.

    Combustível

    Internamente, a semana também foi marcada pelo retorno do risco fiscal, com um novo projeto do governo federal que busca reduzir os preços dos combustíveis a partir de isenções de impostos federais e estaduais, com compensação financeira para os estados.

    A ideia do governo envolveria, primeiro, o estabelecimento de um teto permanente de 17% na cobrança do ICMS, um imposto estadual, sobre os combustíveis, medida que faz parte de um projeto de lei, o PLP 18, já aprovado na Câmara

    Pela proposta, o governo zeraria os impostos federais para a gasolina e o etanol, o PIS/Cofins e a Cide. O diesel não teria a isenção porque ela já foi implementada pelo governo no primeiro trimestre de 2022.

    E, com isso, a equipe econômica estima um impacto de cerca de R$ 40 bilhões nas contas públicas, e o mercado teme que o teto de gastos possa ser desrespeitado, levando a uma retirada de investimentos.

    Exterior

    Já no exterior, as novas restrições contra a Covid-19 na China e a sinalização do Banco Central Europeu (BCE) de duas altas de juros em julho prejudicaram o principal índice da B3 neste pregão.

    Na Ásia, Xangai e Pequim voltaram a receber novo alerta de Covid-19 na quinta-feira, quando partes do maior centro econômico da China impuseram novas restrições de lockdown.

    Enquanto isso, o distrito mais populoso da capital chinesa anunciou o fechamento de locais de entretenimento, e notícias do lockdown no distrito de Minhang, em Xangai, que abriga mais de 2 milhões de pessoas, derrubaram as ações chinesas.

    Já a autarquia europeia já indicou elevação de 0,25 ponto percentual, enquanto tenta combater uma inflação recorde, acima de 8%.

    A decisão é um elemento adicional para as preocupações sobre uma desaceleração econômica global com altas de juros em diversos países, prejudicial para mercados como o brasileiro.

    Sentimento global

    Os investidores ainda mantém uma forte aversão global a riscos desencadeada por temores sobre uma possível desaceleração econômica generalizada devido a uma série de altas de juros pelo mundo para conter níveis recordes de inflação, o que prejudicaria diversos tipos de investimentos.

    A principal causa para essa aversão é o ciclo de alta de juros nos Estados Unidos, com a elevação mais recente anunciada pelo Federal Reserve em 4 de maio. A autarquia já chegou a descartar altas de 0,75 ponto percentual nos juros, ou um risco de levar a economia do país a uma recessão, mas sinalizou ao menos mais duas altas de 0,5 p.p.

    Os juros maiores nos Estados Unidos atraem investimentos para a renda fixa do país devido a sua alta segurança e favorecem o dólar, mas prejudicam os mercados de títulos e as bolsas ao redor do mundo, inclusive as norte-americanas.

    Ao mesmo tempo, o mercado acompanha os dados sobre a economia do país para entender o quão agressivo o Fed poderá ser no processo.

    A confirmação da contração da economia dos Estados Unidos no primeiro trimestre, por exemplo, reforçou a visão de que a autarquia não deveria ser tão agressiva na alta de juros quanto o previsto. Já a inflação de maio sinalizou um quadro mais negativo, reforçando apostas de juros terminais maiores.

    Por outro lado, com o fim do lockdown na cidade chinesa de Xangai e alívio nas restrições na capital Pequim, a expectativa é que a demanda chinesa retorne aos níveis anteriores, o que voltou a favorecer exportadores de commodities e aliviou uma parte das pressões sobre o real.

    Com as duas novidades, o Ibovespa e o real encontraram espaço para valorização entre o fim de maio e o começo de junho. Entretanto, a combinação de um cenário doméstico pior com o retorno de um risco fiscal e a perspectiva no exterior de fortes apertos monetários voltaram a prejudicar o mercado brasileiro.

    *Com informações da Reuters