AIEA alerta que remoção de câmeras pelo Irã é “golpe fatal” em acordo nuclear
País tem retaliado resolução que critica Teerã por falha em explicar vestígios de urânio encontrados em locais não declarados
O Irã deu um golpe quase fatal nesta quinta-feira (9) nas chances de retomar o acordo nuclear de 2015 ao começar a remover basicamente todos os equipamentos de monitoramento da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) instalados sob o acordo, disse o chefe da organização, Rafael Grossi.
O país alertou sobre retaliação se o Conselho de Governadores da AIEA, formado por 35 países, aprovasse uma resolução elaborada por Estados Unidos, França, Reino Unido e Alemanha criticando Teerã por sua contínua falha em explicar vestígios de urânio encontrados em locais não declarados. A resolução foi aprovada por maioria esmagadora.
O Irã informou à agência que planeja remover 27 câmeras da AIEA e outros equipamentos a partir de quinta-feira, que era “basicamente todo” o equipamento de monitoramento extra instalado sob o acordo de 2015, indo além das principais obrigações do Irã com a agência, disse Grossi em entrevista coletiva.
Isso deixa uma janela de oportunidade de três a quatro semanas para restaurar parte do monitoramento que está sendo descartado, ou então a AIEA perderá a capacidade de acompanhar quase todos os materiais e atividades nucleares mais importantes do Irã, e restaurar o que o acordo exige, disse Grossi.
“Acho que isso seria um golpe fatal (para retomar o acordo)”, declarou Grossi sobre o que aconteceria se nada fosse feito dentro dessa janela de oportunidade.
As negociações indiretas entre o Irã e os Estados Unidos sobre a retomada do acordo de 2015 já estão paralisadas e não são realizadas desde março.