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    Brasil chega à 6ª posição em ranking da ONU de investimento estrangeiro direto

    Em relatório, organização destaca que desempenho ,mundial positivo em 2021 não deve se manter neste ano

    João Pedro Malardo CNN Brasil Business , em São Paulo

    O Brasil avançou três posições em ranking de investimento estrangeiro da ONU e foi o sexto país que mais atraiu investimentos estrangeiros diretos em 2021, segundo um relatório da Agência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad) divulgado nesta quinta-feira (9).

    Os dados do Relatório Mundial de Investimentos apontam que o Brasil recebeu no ano passado US$ 50,3 bilhões em investimentos estrangeiros.

    O valor representa uma alta de 78% em relação a 2020, quando o total foi de US$ 28,3 bilhões, mas ainda está abaixo do nível pré-pandemia, de US$ 65,3 bilhões.

    A Unctad afirma que os setores mais beneficiados pelos investimentos foram agronegócio, fabricação de carros, eletrônicos, tecnologia da informação e serviços financeiros.

    O valor dos chamados projetos “greenfield”, que ainda não saíram do papel, subiram 35%, enquanto o valor total de acordos de financiamento internacional tiveram alta de 32%.

    Dentre os projetos “greenfield”, o relatório destaca o plano da montadora Bravo Motor para fabricar veículos elétricos, baterias e outros componentes no Brasil. O projeto é avaliado em US$ 4 bilhões.

    Já dentre os acordos de financiamento, o maior é o de construção de uma fazenda offshore de geração de energia eólica avaliado em US$ 5,9 bilhões. A financiadora é a empresa espanhola Ocean Winds.

    O desempenho do Brasil não foi uma exceção. A região da América Latina e do Caribe teve uma alta de 56% nos investimentos estrangeiros, totalizando US$ 134,4 bilhões.

    O resultado também foi inferior ao período pré-pandemia, mas representou uma recuperação em relação a 2020, quando a crise sanitária levou a uma queda de 45% nos investimentos, a maior para o ano nas regiões em desenvolvimento.

    De acordo com o relatório, o destaque na região foi o valor total anunciando em acordos de financiamento internacional, que superaram os níveis pré-pandemia. A Unctad atribui o resultado a grandes projetos na área de infraestrutura de transporte, em especial no Brasil, e em atividades de mineração e ligadas à energia renovável.

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    Para a agência, o desempenho positivo está ligado à alta demanda global por commodities agrícolas e minerais, ajudando no forte crescimento de investimentos estrangeiros em muitas economias da região.

    Globalmente, os investimentos estrangeiros subiram 64%, com uma forte recuperação em relação a 2020 e totalizando US$ 1,58 trilhões. A maior parte, quase três quartos, desse crescimento se concentrou em países desenvolvidos.

    O relatório atribui o bom desempenho à atividade aquecida de fusões e aquisições de empresas e um rápido crescimento de projetos de financiamento internacional em meio a pacotes de estímulo voltados à infraestrutura.

    Outro fator importante para o resultado foram os lucros elevados de empresas multinacionais, que atingiram níveis recordes. O lucro das 5 mil maiores multinacionais dobrou, atingindo 8% para cada venda. Com isso, as multinacionais de países desenvolvidos mais que dobraram seus investimentos,  responsáveis por três quartos do total global.

    Apesar do bom desempenho, o relatório destaca que o investimento em projetos “greenfield” subiu menos que em aquisições e fusões, e segue abaixo dos níveis pré-pandemia. “Isso é uma preocupação, porque novos investimentos são cruciais para o crescimento econômico e perspectivas de desenvolvimento”, afirma.

    No ranking global, os Estados Unidos lideraram a captação de investimentos estrangeiros, totalizando US$ 367 bilhões, ante US$ 151 bilhões em 2021. Em seguida, vem China (US$ 181 bilhões), Hong Kong (US$ 141 bilhões), Singapura (US$ 99 bilhões), Canadá (US$ 60 bilhões) e Brasil.

    Para 2022, a Unctad alerta que o ambiente de negócios e investimentos mudou drasticamente com os efeitos da guerra na Ucrânia, mais especificamente com a elevação de preços de comidas e combustíveis e um ambiente financeiro mais apertado.

    O relatório ressalta ainda incertezas sobre novos impactos da pandemia, a alta nos juros em grandes economias, um sentimento negativo nos mercados e o potencial de recessão.

    Com isso, “sinais de fraqueza já estão aparecendo neste ano. Dados preliminares do primeiro quadrimestre apontam uma queda de 21% no anúncio de projetos greenfield, 13% em fusões e aquisições e 4% em acordos de financiamento de projetos”.

    A projeção da agência é que o processo de crescimento de 2021 não se manterá neste ano, que os fluxos de investimento estrangeiro direto devem ter tendência de queda ou, no melhor cenário, estabilidade.

    O relatório também destaca que o plano de implementar um imposto mínimo global de 15% sobre o lucro de grandes multinacionais, previsto para ser implementado entre 2023 e 2024, deve ter “grandes implicações para as políticas de investimento”.

    “Embora as reformas tributárias aumentem a arrecadação de receitas para os países em desenvolvimento, do ponto de vista da atração de investimentos, elas trazem oportunidades e desafios”, afirma a secretária-geral da Unctad, Rebeca Grynspan.

    Para ela, “os países em desenvolvimento enfrentam restrições em suas respostas às reformas, devido à falta de capacidade técnica para lidar com a complexidade das mudanças tributárias e pelos compromissos de tratados de investimento que podem dificultar a ação efetiva da política fiscal. A comunidade internacional tem a obrigação de ajudar”.

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