Preço por ação da Eletrobras será definido nesta quinta-feira (9)

Nesta quinta-feira (9), está prevista a precificação dos papéis da Eletrobras, ou seja, a definição do preço por ação. De acordo com o cronograma da companhia, o início das negociações das ações na B3, a Bolsa de Valores, está previsto para o próximo dia 13 de junho.

O governo federal espera que o processo de privatização da estatal seja concluído até terça-feira (14) da semana que vem.

“A precificação das ações é uma coleta de intenção tanto da quantidade por ação demandada no mercado quanto do preço junto aos bancos de investimentos. Ou seja, os bancos de investimentos, que estão assessorando a operação, fazem uma coleta de quanto cada um desses investidores tem interesse na compra de ações da companhia e qual o preço que eles pagariam por esses papéis”, explica Fernando Caio Galdi, professor de finanças da Fucape-RJ.

“Com base nessas informações, a companhia, juntamente com os coordenadores da operação (bancos), avalia se o valor que está sendo oferecido é adequado ou não”.

Apuração da analista de economia da CNN Priscila Yazbek também mostra que corretoras e bancos estimam que as ações cheguem a um preço médio de R$ 54,11, uma valorização de mais de 20% ainda esse ano.

Foram contabilizadas seis recomendações de compra e uma recomendação neutra, mostrando que o mercado vê potencial para valorização.

De acordo com a Caixa Econômica Federal, a partir dos próximos dias, os trabalhadores que utilizaram o Fundo de Garantia Por Tempo de Serviço (FGTS) para fazer reserva de ações da Eletrobras, poderão consultar através do aplicativo os valores efetivamente debitados para fins de aplicação. Eles puderam reservar até 50% do FGTS para investir nas ações.

A expectativa, segundo a Caixa, é de que sejam movimentados até R$ 6 bilhões pelos FMP-FGTS (Fundos Mútuos de Privatização).

Em nota enviada à CNN, o banco informou que, conforme as regras da CVM, os cronogramas do processo de oferta pública das ações da companhia são divulgados por meio de avisos ao mercado.

A instituição vai informar ao consórcio de bancos coordenadores da oferta o volume de reservas para apurar a necessidade de eventual rateio proporcional entre as pessoas que manifestaram interesse em usar recursos do FGTS para aplicação.

Com o processo de capitalização, o governo abrirá mão de deter a maior fatia das ações da estatal, abrindo caminho pra que ela passe a ter controle de acionistas independentes. A operação, segundo cálculo do governo federal, deve movimentar cerca de R$67 bilhões e a União espera arrecadar ao menos R$25 bilhões.

Conforme anunciado pelo presidente Jair Bolsonaro, os recursos da privatização da Eletrobras poderão ser utilizados para subsidiar a redução do preço do diesel, conforme prevê a proposta de emenda à Constituição (PEC), para tentar reduzir os impostos sobre os combustíveis.

A medida provisória que autoriza entregar a estatal para investidores foi assinada pelo presidente Jair Bolsonaro em julho de 2021. Entre os vetos do presidente estavam a reserva de 1% das ações para empregados da estatal com descontos e também o aproveitamento de funcionários demitidos sem justa causa em cargos similares de subsidiárias da companhia.

Como argumento, o governo alegou à época que a reserva de ações poderia reduzir recursos na capitalização e que a migração de servidores violaria o princípio do concurso público.

Entenda a capitalização

Quando se fala de privatização no Brasil, sempre há o entendimento de que o Governo Federal irá vender certa empresa para um grupo ou companhia que pagar o maior preço.

Não é o caso da Eletrobras. Sua privatização irá acontecer via mercado de capitais: ou seja, as ações da companhia serão pulverizadas entre vários acionistas. O governo é o controlador majoritário, com mais de 70% das ações. Ele vai continuar sendo o acionista majoritário, mas ganhará vários sócios por meio dessa venda.

A Eletrobras vai vender novas ações no mercado, diluindo aos poucos a participação do governo — até que ele detenha 45%. O processo acaba sendo uma privatização porque a Eletrobras deixa de ser gerida como uma estatal, como é hoje.

A empresa passa a ser gerida como uma holding, em que o governo segue como acionista majoritário, mas a maior parte do seu capital está diluído no setor privado.

Dessa forma, são criadas condições para proporcionar maior capacidade de investimento da estatal, com ganho de eficiência, redução de custos e prestação de serviços mais segura e eficientes.

A Eletrobras é responsável por 30% da geração e quase 40% da transmissão de energia do país hoje, tendo sido maior no passado, mas acabou reduzindo mercado porque perdeu capacidade de investimento e de gestão.

Com informações de Pedro Zanatta, do CNN Brasil Business.