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    Conselho da Petrobras debate manobra que pode trocar presidente sem assembleia

    Movimento dependeria da aprovação do nome de Caio Mario Paes de Andrade e da renúncia de um dos conselheiros indicados pelo governo federal

    José Mauro Coelho, atual presidente da Petrobras,vem indicando que não deixará o cargo antes da substituição protocolar. Weber disse à CNN que conversou sobre uma possível renúncia com ele
    José Mauro Coelho, atual presidente da Petrobras,vem indicando que não deixará o cargo antes da substituição protocolar. Weber disse à CNN que conversou sobre uma possível renúncia com ele Miguel Ângelo/Confederação Nacional da Indústria (CNI)

    Pedro Duranda CNN no Rio de Janeiro

    O Conselho de Administração da Petrobras se reuniu na tarde desta quarta-feira (8) para debater o planejamento estratégico da companhia, uma discussão técnica já prevista.

    No final do encontro, no entanto, os indicados pelo governo federal passaram a debater um outro cenário: a aprovação interna de Caio Mario Paes de Andrade sem a Assembleia Geral de acionistas ou, sequer, a lista com todos os indicados do governo para o colegiado.

    A discussão começou porque na próxima semana o Comitê de Pessoas da Petrobras deve receber o resultado final do processo de avaliação interna de Caio Mario Paes de Andrade. A CNN apurou que boa parte dos documentos já foi submetida e a análise de antecedentes deve ficar pronta na próxima semana.

    A leitura inicial do Conselho, quando comunicada a indicação de Paes de Andrade para substituir o atual presidente, José Mauro Coelho, era de que o Comitê de Pessoas só poderia analisar os nomes quando todos os candidatos ao colegiado fossem indicados. Como o governo ainda não enviou a lista com os oito nomes, os conselheiros debateram a antecipação da análise de Paes de Andrade em separado.

    “Tão logo tudo esteja pronto, o nome dele seguirá para o COP (comitê de pessoas). A minha preocupação é com os trâmites normais e legais que nós somos obrigados a seguir, entende? Então o que nós discutimos hoje foi estritamente com relação a isso”, disse à CNN o presidente do Conselho de Administração da Petrobras, Márcio Weber.

    “Nós já recebemos o ofício há um certo tempo, já respondemos inclusive dizendo que para a convocação da assembleia nós precisávamos da lista, sem nenhum problema, porém a análise do nome do Caio, que foi indicado, ela segue, está seguindo os trâmites legais. Não tem nada que impedirá que ele seja aprovado ou não”, completou ele.

    Para conduzir Caio Mario Paes de Andrade à presidência sem assembleia, no entanto, um dos conselheiros precisaria renunciar à cadeira. É que quando há uma cadeira vaga os outros dez conselheiros podem eleger um substituto provisório que seria ratificado na próxima assembleia.

    A interlocutores, José Mauro Coelho vem indicando que não deixará o cargo antes da substituição protocolar. Weber disse à CNN que conversou sobre uma possível renúncia com ele.

    “Eu perguntei a ele, simplesmente perguntei a ele. Não levantei nada em relação à possibilidade de isso fazer mais ou menos, entendeu? Eu simplesmente perguntei a ele qual era o pensamento dele de continuar ou não continuar. Eu como presidente do conselho queria saber qual era a posição do presidente”, disse Weber.

    Sem a manobra interna no Conselho, seria necessário esperar o passo a passo legal que começa com o envio da lista do governo e das indicações dos minoritários, passa pela checagem de antecedentes de todos para, só depois, a assembleia ser convocada.

    Entre convocação e realização ainda há um mínimo legal de 30 dias. Ou seja, nos trâmites normais Caio Mario Paes de Andrade dificilmente se tornaria presidente da estatal antes da segunda quinzena de julho. Questionado pela CNN, o atual presidente José Mauro Coelho disse que não comentaria o assunto.

    Weber e outros quatro integrantes do conselho indicados pelo governo federal estiveram em Brasília na semana passada para visitar o ministro recém empossado, Adolfo Sachsida, de Minas e Energia. Entre os assuntos, eles discutiram a paridade internacional dos preços dos combustíveis. O ministro não indicou, no entanto, se algum deles continuaria no colegiado com o aval do governo.

    À CNN um desses indicados afirmou que tudo indica que não estará na lista. Quatro componentes do colegiado disseram estar ‘no escuro’ sobre os planos da União.

    O dia da demissão

    Era noite de 23 de maio, uma segunda-feira, quando tocou o celular de José Mauro Coelho, presidente da Petrobras. Do outro lado da linha, Adolfo Sachsida, ministro de Minas e Energia, avisou: o comando da estatal será trocado.

    Cerca de trinta minutos depois, um ofício foi encaminhado pelo chefe de gabinete do ministro ao presidente do conselho da estatal. A carta pedia a convocação da Assembleia Geral Extraordinária para substituir Coelho por Caio Mario Paes de Andrade. Mas de lá pra cá, o processo não avançou mais.

    A troca empacou no envio de uma lista de candidatos a ocuparem as vagas do governo no Conselho de Administração da Petrobras. Em reunião realizada pelo próprio conselho, ficou decidido que a assembleia só seria convocada quando o governo encaminhasse os nomes oficialmente à Petrobras.

    O problema é que a lista ainda não foi fechada, assinada e endereçada à estatal. A CNN apurou que o próprio Caio Mario Paes de Andrade está articulando nomes para compor o futuro conselho que deve torná-lo presidente. Atualmente o conselho tem sete nomes indicados pelo governo federal e outros cinco componentes, dos quais três manterão as cadeiras após a reforma do conselho e outros dois – representantes de acionistas – serão novamente submetidos à votação.

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