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    Rússia está prestes a interromper fornecimento de parte do gás da Alemanha

    Anúncio ocorre um dia depois de o país cortar o envio do combustível para empresas dinamarquesa e holandesa devido à falta do pagamento em rublos

    Anna Coobando CNN Business* , Em Londres

    A Rússia está prestes a interromper o fornecimento de gás natural aos clientes alemães da Shell.

    A Gazprom, gigante estatal russa de energia, disse nesta terça-feira (31) que suspenderia as exportações de gás natural para a Shell a partir de quarta-feira (1º), porque a empresa não fez os pagamentos em rublos.

    “A Shell Energy Europe Limited notificou a Gazprom Export LLC que não pretende fazer pagamentos em rublos sob o contrato de fornecimento de gás à Alemanha”, disse a Gazprom em nota publicada em sua conta do Telegram.

    A Gazprom afirmou que a Shell perderia até 1,2 bilhão de metros cúbicos de fornecimento anual de gás –apenas uma pequena fração dos 95 bilhões de metros cúbicos que o país consome a cada ano, de acordo com o Ministério da Economia da Alemanha.

    Mas o movimento da Gazprom ainda deve abalar a indústria alemã, que depende fortemente do gás de Moscou. O país já conseguiu reduzir a participação da Rússia em suas importações de gás natural para 35%. Antes do início da guerra, era de 55%.

    Um porta-voz do governo alemão disse à CNN que estava “monitorando a situação muito de perto”. “A segurança do fornecimento é garantida”, assegurou.

    O anúncio da Gazprom ocorre apenas um dia depois de dizer que interromperia o fornecimento de gás para a empresa de energia dinamarquesa Ørsted e para a empresa holandesa GasTerra, e semanas depois de fechar as torneiras para a Polônia, Bulgária e Finlândia.

    Em março, o presidente russo, Vladimir Putin, ameaçou interromper as entregas de gás a países “hostis” que se recusassem a pagar em rublos, em vez de euros ou dólares conforme previsto em contratos.

    Desde então, a Gazprom tem oferecido uma solução aos clientes. Os compradores poderiam fazer pagamentos em euros ou dólares em uma conta no Gazprombank, da Rússia, que então converteria os fundos em rublos e os transferiria para uma segunda conta da qual seria feito o pagamento à Rússia.

    Mas muitas empresas europeias, incluindo a Shell Energy, se recusaram a aceitar.

    “A Shell não concordou com os novos termos de pagamento estabelecidos pela Gazprom”, disse um porta-voz da Shell na terça-feira. “Trabalharemos para continuar a abastecer nossos clientes na Europa por meio de nosso diversificado portfólio de fornecimento de gás”.

    A GasTerra, da Holanda, também disse em comunicado na segunda-feira que não cumpriria os “requisitos de pagamento unilateral” da Gazprom.

    Henning Gloystein, diretor de Energia, Clima e Recursos do Eurasia Group, declarou à CNN que esse último corte no fornecimento não representa uma “grande perda de receita” para a Gazprom, já que as exportações para a Shell Alemanha representaram menos de 1% do total de exportações da Rússia para a União Europeia no ano passado.

    “Por outro lado, as empresas de energia europeias que dependem muito mais do fornecimento russo […] mudaram amplamente para o novo mecanismo de pagamento da Gazprom para proteger suas operações”, acrescentou.

     

    *Com informações de Inke Kappele, Anna Stewart e Robert North.

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