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    Caio Junqueira
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    Caio Junqueira

    Formado em Direito e Jornalismo, cobre política há 20 anos, 10 deles em Brasília cobrindo os 3 Poderes. Passou por Folha, Valor, Estadão e Crusoé

    Os detalhes da reunião em que Lula demitiu Prates

    Ex-comandante da estatal relatou a aliados ter percebido o presidente “constrangido”, com olhar distante e sem falar olhando diretamente nos olhos dele

    O agora ex-presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, chegou ao gabinete presidencial e se deparou com o presidente Lula fazendo telefonemas.

    Caminhou então em direção dos ministros Alexandre Silveira (Minas e Energia) e Rui Costa (Casa Civil), que estavam presentes na sala.

    Prates, segundo relatou a aliados, disse a ambos que precisavam conversar, e ambos teriam sinalizado que sim.

    Pouco depois o presidente terminou o que fazia e sentou-se à mesa.

    Disse que precisava do cargo de Prates e que indicaria Magda Chambriard para o lugar dele. E que sentia que a visão de Prates sobre a estatal era distinta da dele, como a política de investimentos em fertilizantes e na indústria naval.

    O agora ex-presidente da Petrobras respondeu que não iria contra-argumentar porque entendia que a decisão sobre a saída dele já estava tomada. Mas lembrou que ambas as políticas estavam em curso, dizendo que as coisas tem seu tempo e que, como no governo Lula, há feitos que demoram a ser entregues.

    Prates disse também que se reuniu na semana passada em Houston, nos Estados Unidos, com estaleiros nacionais e investidores internacionais; e que a política para fertilizantes também estava avançando com a retomada de fábricas, como a Curitiba e a de Três Lagoas.

    Nesse momento, ainda segundo os relatos, o presidente Lula disse que a decisão já estava tomada e apontou que Prates foi contra a orientação do governo na decisão de distribuição dos dividendos, quando ele se absteve de votar pela retenção dos valores.

    Prates se defendeu novamente: disse que sua decisão não foi uma afronta a Lula, mas sim uma maneira de deixar uma proposta “viva” na mesa, que acabou sendo acatada pelo Conselho um mês depois.

    Prates relatou a aliados ter percebido o presidente “constrangido”, com olhar distante e sem falar olhando diretamente nos olhos dele.

    Chamou a atenção também que a cadeira destinada a ele no gabinete presidencial era rebaixada em relação aos demais.

    Ao final, Prates pediu a Lula uma oportunidade de conversar a sós com o presidente. Lembrou que é do mesmo partido que o presidente e que fez oposição a Jair Bolsonaro no Senado. Lula não sinalizou que o atenderia.

    Coube ao ministro Rui Costa terminar a reunião, alertando que era preciso avisar ao mercado o quanto antes da decisão.