Investimento do governo com prevenção e respostas a desastres tem caído nos últimos 9 anos
Entre 2013 e 2021, a queda dos recursos destinados a cinco programas foi de 66%
O investimento do governo federal em programas relacionados à prevenção e preparação de desastres, bem como a resposta a esses eventos, tem caído nos últimos nove anos, segundo levantamento da Associação Contas Abertas, ao qual a CNN teve acesso.
O levantamento da entidade, que faz acompanhamento constante dos gastos públicos, mostra que de 2013 a 2021 a queda dos recursos destinados a cinco programas foi de 66%. Em 2013, quando atingiu o seu ápice de investimento, foram pagos R$ 3,41 bilhões, e chegou a R$ 1,13 bilhão em 2021. O monitoramento da ONG começou a ser feito no ano de 2010, quando foram pagos R$ 2,84 bilhões.
Por conta da tragédia no estado de Pernambuco, que até a noite desta segunda-feira (30) havia deixado pelo menos 91 mortos, a Contas Abertas atualizou os dados com os números de 2022: até o dia 28 de maio, último sábado, o governo desembolsou R$ 542 milhões.
“Não se gasta o que se deveria gastar com a prevenção. Esse é o grande problema. Quando as tragédias acontecem, nós conhecemos todo o enredo: as autoridades sobrevoam as áreas atingidas, oferecem recursos emergências que nem sempre chegam. Ou seja, consegue resolver o fato em si, mas não se estrutura”, disse o fundador da Contas Abertas, Gil Castello Branco.
A entidade também fez um recorte do monitoramento por Estado. Em 2013, recorde de investimentos, Pernambuco recebeu R$ 408 milhões; em 2021, foram R$ 168 milhões. Neste ano, já foram pagos R$ 70,49 milhões por meio desses programas.
“São tragédias previamente anunciadas. Porque sabemos quando elas vão acontecer e nós sabemos também onde elas tendem a acontecer —até porque o ministério, ao longo dos anos, ele tinha mapeado as áreas de riscos”, afirmou Castello Branco.
Procurados, o Palácio do Planalto e o Ministério do Desenvolvimento Regional não responderam até a publicação dessa reportagem por que houve a redução nos valores.
Veja os números:
No Brasil:
- 2010: R$ 2,84 bilhões
- 2011: R$ 1,60 bilhão
- 2012: R$ 2,13 bilhões
- 2013: R$ 3,41 bilhões
- 2014: R$ 3,13 bilhões
- 2015: R$ 1,85 bilhão
- 2016: R$ 2,02 bilhões
- 2017: R$ 1,95 bilhão
- 2018: R$ 1,63 bilhão
- 2019: R$ 1,25 bilhão
- 2020: R$ 1,57 bilhão
- 2021: R$ 1,13 bilhão
- 2022 (até 28/05): R$ 542,22 milhões
Em Pernambuco:
- 2010: R$ 382,1 milhões
- 2011: R$ 136,1 milhões
- 2012: R$ 173,3 milhões
- 2013: R$ 408,23 milhões
- 2014: R$ 268,18 milhões
- 2015: R$ 256,29 milhões
- 2016: R$ 244,13 milhões
- 2017: R$ 276,87 milhões
- 2018: R$ 224,15 milhões
- 2019: R$ 200,79 milhões
- 2020: R$ 195,92 milhões
- 2021: R$ 168,41 milhões
- 2022 (até 28/05): R$ 70,49 milhões