Haddad: Ata mostrou que tinham mais rumores do que verdades sobre divisão política no Copom
Segundo texto publicado pelo BC, todos os diretores defenderam adoção de uma política monetária mais contracionista e cautelosa
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que a Ata do Comitê de Política Monetária (Copom), publicada nesta terça-feira (14), veio “em linha com o esperado”.
O ministro pontuou também que os argumentos contidos no documento mostraram que havia “muito mais rumo do que verdade” sobre a divisão política no Comitê.
“A ata é muito adequada e está em linha com o que eu de fato esperava. Eu entendi que eram duas posições técnicas, respeitáveis, e a ata deixou claro que os argumentos de lado a lado eram pertinentes e defensáveis”, disse Haddad em portaria do Ministério da Fazenda.
Na última reunião do Copom, ocorrida no dia 8 de maio, os diretores se dividiram entre um corte de 0,25 ponto percentual e 0,50 ponto percentual na taxa básica de juros, a Selic.
Os diretores indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) votaram por um corte maior, enquanto os outros membros do comitê e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, chancelaram o número menor.
Após a publicação do comunicado, especialistas e analistas de mercado viram a atitude como uma divisão política entre os diretores do novo governo e os que tinham sido indicados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
As hipóteses apontavam para um possível comitê mais ideológico para quando terminar o mandato de Campos Neto este ano.
Para Haddad, no entanto, o rumor se “dissipou” com a publicação da ata, conforme o previsto por ele e a equipe econômica. “Tinha muito mais rumor do que verdade. Está tudo tranquilo”, pontuou.
“A ata fala por si mesma. Ela é bem técnica e justifica os dois profissionais, com muita clareza, a todo mundo que liga. Eu não entendi o que as questões estão bem colocadas”, disse.
O que diz a ata
Segundo o texto publicado pelo BC nesta terça, todos os membros da diretoria do Banco Central defenderam a adoção de uma política monetária mais contracionista, cautelosa e sem indicações futuras sobre os próximos movimentos nos juros.
De acordo com o documento, as enchentes que assolam o Rio Grande do Sul e os impactos humanitários também indicam “desdobramentos econômicos” e que o “Comitê seguirá acompanhando”.
Na última reunião, o Comitê decidiu por um corte de 0,5 ponto percentual na Selic, reduzindo a taxa básica de juros para 10,50% ao ano. A decisão teve cinco votos a favor e quatro para uma redução de 0,25 ponto percentual.
Os detalhes da divisão foram expostos na ata desta terça. De acordo com o texto, o grupo com mais votos considerou que o cenário esperado não se confirmou por conta da desancoragem adicional das expectativas, da elevação das projeções de inflação, do cenário internacional mais adverso e da atividade econômica mais dinâmica do que esperado.
Para o outro grupo, julgou-se apropriado, tal como em reuniões anteriores, seguir o ‘guidance’, mas reafirmando o firme compromisso com a meta e com a requerida taxa de juros terminal para que o objetivo precípuo do Comitê de convergência da inflação para a meta seja alcançado”, disse.
“Para tais membros, o ‘forward guidance’ indicado na reunião anterior sempre foi condicional e houve alteração no cenário em relação ao que se esperava”, disse o documento.
Mesmo assim, o Copom reiterou que, para todos os membros, a extensão e a adequação de ajustes futuros na taxa de juros serão ditadas pelo “firme compromisso” de convergência da inflação à meta.
*Com informações de Reuters