Policiais militares do Rio vão usar câmeras nos uniformes a partir de segunda-feira
Medida passa a valer quase uma semana após a realização da operação policial na Vila Cruzeiro, na Zona Norte, que deixou pelo menos 23 mortos
O governo do Rio de Janeiro comunicou que dará início na segunda-feira (30) à instalação de câmeras operacionais portáteis no uniforme dos policiais militares de nove unidades da PM.
Os equipamentos, que ficarão acoplados nos coletes dos agentes, começam a ser usados pelos militares do 2º BPM (Botafogo), 3º BPM (Méier), 4º BPM (São Cristóvão), 6º BPM (Tijuca), 16º BPM (Olaria), 17º BPM (Ilha do Governador), 19º BPM (Copacabana), 23º BPM (Leblon) e 1ª Companhia Independente da Polícia Militar (Laranjeiras). Todas essas unidades são subordinadas ao 1º Comando de Policiamento de Área.
Para dar início à utilização do novo equipamento, o governo do Rio fará um evento na Praça do Lido, em Copacabana, a partir das 9h de segunda-feira (30).
Violência policial
A cerimônia que marca a utilização das câmeras corporais ocorre seis dias após a realização da operação policial na Vila Cruzeiro, na Zona Norte do Rio de Janeiro, que deixou pelo menos 23 mortos.
Segundo a Polícia Militar (PM), o Batalhão de Operações Especiais (BOPE), a Polícia Federal (PF) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) fizeram uma ação conjunta na favela da região.
O objetivo, de acordo com a corporação, era prender lideranças criminosas escondidas na comunidade, inclusive pessoas que vieram de outros estados, como Amazonas, Alagoas e Pará.
O Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) e o Ministério Público Federal (MPF) instauraram Procedimento Investigatório Criminal para apurar as mortes. O comando do Bope deve enviar explicações sobre a operação no prazo de dez dias.
Instituições sociais e organizações não governamentais (ONGs) denunciaram a operação à Comissão Interamericana de Direitos Humanos, órgão da Organização dos Estados Americanos (CIDH/OEA).
Os órgãos pedem que o comissariado acompanhe as investigações e cobre respostas das autoridades sobre a ação que deixou o segundo maior número de mortos em uma incursão deste tipo no estado.
A ação só causou menos óbitos que a operação do Jacarezinho, em maio de 2021, quando morreram 28 pessoas, segundo dados do Grupo de Estudos de Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense (GENI/UFF), de Niterói, Região Metropolitana do Rio de Janeiro.