Conheça a Starlink, a internet banda larga de Musk com foco em áreas remotas
Nasa está preocupada de que a Starlink possa um dia contribuir para acabar com a vida na Terra como a conhecemos
O bilionário Elon Musk, a pessoa mais rica do mundo, recentemente ganhou os holofotes como novo dono do Twitter, após anunciar um acordo de compra da plataforma por US$ 44 bilhões – negócio que no momento está enroscado sobre sua concretização.
Mas Musk ganhou fama primeiro como o dono da Tesla, montadora de carros elétricos. Já em setembro de 2021, sua outra empresa, a SpaceX, fez história ao realizar o primeiro voo suborbital com passageiros civis. Além de promover viagens espaciais, a SpaceX também é a responsável pelo projeto Starlink, uma constelação de satélites que prevê fornecer conexão de internet principalmente para áreas remotas.
São mais de 4 mil satélites da empresa circulando em baixa órbita, a aproximadamente 483 quilômetros acima da Terra.
A Starlink promete menor latência, isso significa menor tempo de resposta de envio e recebimento de dados, e velocidades de download entre 100 Mb/s e 200 Mb/s.
Segundo a empresa, “a Starlink é idealmente adequada para áreas onde a conectividade não tenha confiabilidade ou que seja completamente indisponível”, como áreas rurais.
A SpaceX planeja lançar mais 40 mil satélites. A empresa calcula que colocar todos em funcionamento e na órbita deve ter um custo médio de aproximadamente US$ 35 bilhões. A mega-constelação visa oferecer serviços para 11 países, declarou a presidente da SpaceX, Gwynne Shotwel.
A companhia espacial de Elon Musk é responsável por cerca de um terço de todos os satélites ativos em órbita, mais do que qualquer outra empresa ou país, incluindo o governo dos EUA.
A internet da Starlink, de acordo com informações da empresa, funciona enviando informações através do vácuo do espaço, onde se desloca mais rapidamente do que em cabos de fibra óptica, o que a torna mais acessível a mais pessoas e locais.
Além do plano atual disponível, a Starlink também lançou recentemente um plano “premium”, que possui uma antena maior e com mais rendimento, com o dobro da capacidade, segundo a empresa.
Nos Estados Unidos, o preço mensal é de US$ 500 (cerca de R$ 2.400 na cotação atual), com as velocidades de download entre 150 e 500 Mbps (megabits por segundo) e latência de 20 a 40 ms.
Musk esperava ser capaz de fornecer cobertura global contínua por volta de setembro, mas precisou buscar aprovações regulatórias, disse a presidente da SpaceX Gwynne Shotwel, em junho de 2021.
A Starlink faz parte de um número crescente de fabricantes de pequenos satélites que também incluem Kuiper, da Amazon.com, OneWeb da Grã-Bretanha, Planet e Blue Canyon Technologies da Raytheon Technologies Corp.
No Brasil
Em janeiro deste ano a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) deu aval para a Starlink operar no país
Dois meses depois, a SpaceX informou que os brasileiros interessados no serviço da empresa precisarão pagar R$ 530 mensalmente, além do custo inicial de transporte e de pagamento dos equipamentos. O “Kit Starlink” custa R$ 2.670, mais R$ 365 de custo de frete e instalação. Nos valores não estão embutidos os impostos.
Por enquanto, já é possível reservar o equipamento para entrega. O atendimento dos pedidos é por ordem de chegada – e pode demorar cerca de seis meses. A Starlink afirma que espera iniciar os serviços até meados de 2022.
Veja abaixo o mapa de como está a disponibilidade de conexão da Starlink hoje:
O empresário afirmou no Twitter nesta sexta-feira (20) que pretende prover conexão de internet a 19 mil escolas rurais brasileiras e um monitoramento ambiental da Amazônia por meio de sua empresa.
Super excited to be in Brazil for launch of Starlink for 19,000 unconnected schools in rural areas & environmental monitoring of Amazon! 🇧🇷 🌳 🛰 ♥️
— Elon Musk (@elonmusk) May 20, 2022
Temores da Nasa
A Nasa olha com preocupação o projeto da Starlink. Segundo a agência espacial norte-americana, a quantidade de satélites na órbita terrestre ameaça alterar nossa visão do céu noturno e prejudicar o monitoramento de asteroides que a companhia faz.
A Nasa usa telescópios terrestres para caçar asteroides potencialmente perigosos. Em uma carta à FCC (Comissão Federal de Comunicações dos Estados Unidos) em fevereiro, a Nasa afirmou que “estima que haveria um Starlink em cada imagem de pesquisa de asteroides”, o que poderia ter “um efeito prejudicial na capacidade do nosso planeta de detectar e possivelmente redirecionar um impacto potencialmente catastrófico”.
“Encontrar esses asteroides com bastante antecedência de quando eles podem atingir a Terra é de vital importância para a sobrevivência de nossa espécie”, disse Samantha Lawler, professora assistente de astronomia da Universidade de Regina, no Canadá.
A SpaceX alega que fez alterações em seus satélites “adicionando um visor para impedir que a luz solar atinja as partes mais brilhantes da espaçonave. Minimizando o impacto do Starlink na astronomia escurecendo os satélites para que eles não saturem os detectores dos observatórios”, informa a empresa.
Para a questão de poluição, a companhia diz que pretende projetar e construir satélites que demonstraram confiabilidade superior a 99% e inseri-los em uma altitude especialmente baixa para verificar a integridade antes de subir em sua órbita operacional, a fim de reduzir o lixo espacial.
A companhia informa ainda que planeja desenvolver um sistema de prevenção de colisões para tomar medidas efetivas quando os riscos de encontro excederem os limites de segurança.
Mas astrônomos como Lawler dizem que essas mudanças não são suficientes.
*Com informações de João Malar, do CNN Brasil Business, e Kristin Fisher, da CNN, e da Reuters