Alguns se aproveitam das enchentes para levar vantagem, diz à CNN coordenador do gabinete de crise
A segurança dos agentes, auxiliares e das cidades afetadas tem deixado as autoridades em alerta
O coronel Marcelo Frota, coordenador do gabinete de crise do Rio Grande do Sul, lamentou que pessoas se aproveitam do momento de crise, causado pelas enchentes que assolaram o estado, para obter vantagens.
“Aparece o que há de melhor na alma do Rio Grande, mas aparece também o que há de pior em algumas pessoas que tentam se aproveitar destes momentos de crise para levar vantagem”, disse em entrevista à CNN.
O coronel comentou sobre os desafios enfrentados pelos voluntários, principalmente durante a noite, quando a luminosidade é baixa.
O coordenador elogiou o apoio da Brigada Militar, que garante a proteção das equipes de resgate e também auxilia diretamente nos salvamentos. Ele destacou que mais de 70 bombeiros civis trabalham na sede da ONG Mayday, em Porto Alegre, tendo já salvado cerca de 9 mil gaúchos.
A segurança dos agentes, auxiliares e das cidades afetadas tem deixado as autoridades em alerta. Desde o último sábado (4), o número de relatos sobre saques em residências e lojas aumentou e fez com que o governo do estado solicitasse reforços.
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), pediu o apoio de 400 militares da Força Nacional de Segurança. Na quarta-feira (8), os cem primeiros homens se apresentaram para as ações.
Além da força nacional, a Polícia Federal (PF) também enviou agentes para reforçar a segurança nas áreas afetadas.
Ontem, o Comando de Operações Táticas (COT) da Polícia Federal (PF) assumiu a segurança do Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre (RS).
O reforço na proteção ocorre após ameaças de saques ao local, que está com as operações suspensas por tempo indeterminado devido às enchentes que afetam o estado.
Outros 350 servidores da PFl atuam nos resgates e na segurança dos voluntários, por meio de botes e embarcações de resgate, helicóptero, drones, equipamentos de visão noturna e motos aquáticas.
Relatos da tragédia
Marcelo Frota também compartilhou relatos dos resgates realizados pelos voluntários às vítimas das enchentes. Segundo ele, existem episódios chocantes como quando há necessidade de remover corpos de famílias inteiras que ficaram boiando em casas alagadas.
Apesar das dificuldades, o coronel afirmou que o trabalho prossegue incansável, com os voluntários se revezando em pequenos períodos de descanso para se reenergizarem.
O coordenador também destacou a necessidade de recursos como combustível para os barcos, lanternas, baterias e geradores, para que o trabalho não seja interrompido.
Apesar das adversidades, Frota reforçou a dedicação e a resistência dos voluntários.
Nível do Guaíba
O nível do lago Guaíba, que atingiu números críticos, baixou cerca de 20 centímetros nas últimas 24 horas, trazendo um alívio para a região.
Apesar de o Guaíba ainda estar cerca de 1,5 metro acima de sua média normal, técnicos do Serviço Geológico do Brasil afirmam que a tendência é de que o nível continue a cair nos próximos dias, desde que não haja chuvas intensas.
Essa tendência é reforçada pelo fato de que o rio dos Sinos, afluente importante do Guaíba, também está baixando gradualmente.
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Mortes sobem
A Defesa Civil do Rio Grande do Sul informou, em balanço divulgado no início da noite de quarta-feira (8), que chegou a 100 o número de pessoas mortas em decorrência das chuvas. Há ainda 374 feridos e 130 desaparecidos.
Em todo o estado, 1.476.170 pessoas foram afetadas em 425 municípios. Desse total, 163.786 estão desalojadas e 67.428 foram levadas a abrigos temporários. Veja aqui a lista das cidades afetadas.
Além das mortes confirmadas, o estado tem dois óbitos sob investigação. Isso quer dizer que as autoridades ainda estão aguardando confirmação para saber se essas mortes têm ou não relação com as chuvas.