Presidente da Finlândia confirma que país se candidatará para aderir à Otan
Decisão abandona décadas de neutralidade e ignora ameaças de retaliação pelo governo de Putin
O governo da Finlândia anunciou neste domingo (15) que se inscreverá para ingressar na Otan, abandonando décadas de neutralidade em tempo de guerra e ignorando as ameaças russas de possível retaliação, enquanto o país nórdico tenta fortalecer sua segurança após o início da guerra na Ucrânia.
A decisão foi anunciada em uma coletiva de imprensa conjunta no domingo com o presidente Sauli Niinistö e a primeira-ministra Sanna Marin, que disse que a medida deve ser ratificada pelo parlamento do país antes de prosseguir.
“Esperamos que o parlamento confirme a decisão de solicitar a adesão à Otan”, disse Marin durante uma entrevista coletiva em Helsinque no domingo. “Durante os próximos dias. Será baseado em um mandato forte, com o Presidente da República. Temos mantido contato próximo com os governos dos Estados membros da Otan e com a própria Otan.”
A medida levaria a aliança militar liderada pelos Estados Unidos até a fronteira de 1,3 mil quilômetros da Finlândia com a Rússia, mas pode levar meses para ser finalizada, já que as legislaturas de todos os 30 membros atuais devem aprovar novos candidatos.
Também corre o risco de provocar a ira da Rússia, cujo presidente Vladimir Putin disse a seu colega finlandês Sauli Niinistö no sábado que abandonar a neutralidade militar e ingressar no bloco seria um “erro”, segundo um comunicado do Kremlin. No sábado, a Rússia cortou o fornecimento de eletricidade ao país nórdico após problemas no recebimento de pagamentos.
Desde o final da Segunda Guerra Mundial, durante a qual a Finlândia foi invadida pela União Soviética, o país tem sido militarmente não alinhado e nominalmente neutro para evitar provocar a Rússia. Por vezes, cedeu às preocupações de segurança do Kremlin e tentou manter boas relações comerciais.
A invasão da Ucrânia mudou esse cálculo.
No sábado, Niinistö ligou para informar Putin sobre as intenções da Finlândia de se juntar ao bloco, dizendo que “as demandas russas no final de 2021 com o objetivo de impedir que os países se juntem à Otan e a invasão massiva da Ucrânia pela Rússia em fevereiro de 2022 alteraram o ambiente de segurança da Finlândia”, segundo a uma declaração do gabinete do presidente finlandês.
A Suécia expressou frustrações semelhantes e também deve fazer um movimento semelhante para se juntar à aliança militar.
Ambos os países já cumprem muitos dos critérios de adesão à Otan, que incluem ter um sistema político democrático funcional baseado numa economia de mercado; tratar as populações minoritárias de forma justa; comprometendo-se a resolver conflitos pacificamente; a capacidade e vontade de fazer uma contribuição militar para as operações da OTAN; e comprometer-se com as relações e instituições democráticas civis-militares.
A Turquia, membro da Otan, que se apresentou como mediadora entre a Rússia e a Ucrânia, expressou reservas quanto à integração da Finlândia e da Suécia à aliança.
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, disse na sexta-feira (13) que não está olhando “positivamente” para a Finlândia e a Suécia se juntarem à Otan, acusando ambos os condados de abrigar “organizações terroristas” curdas.
*com informações de Joshua Berlinger, da CNN