Arraial salgado: inflação encarece principais alimentos da Festa Junina
Entre os 10 itens tradicionais do período analisados pela Fipe, sete tiveram aumento de mais de 10%, em 12 meses
Um levantamento realizado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), a pedido do CNN Brasil Business, mostra que as Festas Juninas também serão impactadas pela inflação. Os preços de alguns dos principais alimentos consumidos no período subiram, em média, 15,29%.
Entre os 10 alimentos analisados pela pesquisa, sete deles tiveram um aumento de mais de 10%, em 12 meses. A abrangência da amostra diz respeito à cidade de São Paulo.
O ranking dos alimentos é formado por leite condensado, coco ralado, farinha de trigo, fubá, milho, maçã, abóbora, mandioca, aguardente e vinho.
Milho e fubá lideram as altas, o primeiro com uma variação de 41,88%, enquanto o segundo com 41,58%.
Em seguida, está a abóbora com 34,77%, a farinha de trigo (20,75%), a mandioca (18,33%) e a maçã (17,13%). Os menores reajustes ficaram com a aguardente (11,36%), o leite condensado (7,13%), o coco ralado (1,60%) e o vinho (0,90%).
O último IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) referente à abril, que desacelerou para 1,06% na comparação com o mês anterior. No entanto, esse foi o maior resultado para o mês de abril desde 1996 (1,26%). Em março, o índice havia ficado em 1,62%.
Sendo que os principais impactos vieram de alimentação e bebidas e dos transportes. Juntos, os dois grupos contribuíram com cerca de 80% do IPCA para o mês.
Guilherme Moreira, economista e coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), da Fipe, explica que muitos dos alimentos analisados tiveram alta nos preços de seus insumos neste ano.
“Quando consideramos o milho e o trigo são insumos importantes que estão presentes em vários itens consumidos neste período, eles tiveram vários aumentos muito por conta da alta de commodities mundial, um fenômeno que vem desde o ano passado e continuou ao longo de 2021”.
Além disso, o economista cita a guerra na Ucrânia como um fator que também fez com que os preços ficassem mais salgados, uma vez que os custos de produção aumentaram por conta da crise na oferta de fertilizantes, muito utilizado pelo agronegócio brasileiro.
O Brasil importa mais de 80% dos fertilizantes necessários para manter a qualidade do solo. Em dois meses de conflito no Leste Europeu, fósforo e potássio tiveram um reajuste em torno de 18% a 20%.
Moreira também destaca na inflação dos alimentos juninos a alta no preço dos combustíveis.
Segundo ele, o aumento nos preços que já vinha sendo causado pelos demais fatores citados “em conjunto com os reajustes que ocorreram no preço do diesel fez com que os alimentos subissem muito e “deve permanecer ao longo do ano todo”.