Situação do mercado de trabalho chinês é “complexa e grave”, diz primeiro-ministro
Li Keqiang instruiu todos os níveis de governo a priorizar medidas para aumentar os empregos e manter a estabilidade
Um dos principais líderes da China pintou uma imagem sombria do mercado de trabalho no país mais populoso do mundo, à medida que bloqueios generalizados contra a Covid-19 freiam a economia.
O primeiro-ministro chinês Li Keqiang — o número 2 na hierarquia do Partido Comunista da China — chamou a situação do emprego de “complexa e grave”.
Em comunicado no último sábado (7), ele instruiu todos os níveis de governo a priorizar medidas para aumentar os empregos e manter a estabilidade.
Essas medidas incluem ajudar as pequenas empresas a sobreviver, apoiar a economia da internet, fornecer incentivos para motivar pequenos negócios e conceder benefícios de desemprego a trabalhadores demitidos.
“Estabilizar o emprego é fundamental para a subsistência das pessoas e é o principal suporte para que a economia funcione dentro de um intervalo razoável”, disse Li.
Suas declarações ocorrem em um momento em que a taxa de desemprego no país atingiu a maior taxa em quase dois anos, segundo dados do governo.
A cada ano, a China precisa adicionar milhões de novos empregos para manter a economia funcionando. O governo estabeleceu a meta de criar pelo menos 11 milhões de empregos nas cidades em 2022.
Mas Li disse em março que espera que a economia possa gerar mais de 13 milhões este ano, citando a necessidade de acomodar universitários recém-graduados e trabalhadores migrantes rurais.
Li, que cuida da gestão econômica na China, fez repetidos apelos para estabilizar o emprego nas últimas semanas, e seus comentários neste fim de semana são um forte lembrete do custo das restrições à Covid na China.
À medida que a variante Ômicron altamente transmissível se espalha rapidamente na China, o país está lutando contra seu pior surto em mais de dois anos.
Até agora, pelo menos 31 cidades chinesas estão sob bloqueio total ou parcial, o que pode afetar até 214 milhões de habitantes em todo o país, de acordo com o último cálculo da CNN.
Mais de dois anos após o início da pandemia, o presidente Ji Xinping está intensificando sua rigorosa política de Covid-zero, mesmo enquanto o resto do mundo tenta aprender a conviver com o vírus. A conduta envolve testes em massa obrigatórios e bloqueios rigorosos.
Xi disse na última quinta-feira que a China puniria qualquer um que questionasse essas políticas.
Os bloqueios trouxeram a segunda maior economia do mundo “perto do ponto de ruptura”, de acordo com um relatório recente de analistas do Société Générale.
Em abril, o gigantesco setor de serviços da China contraiu no segundo ritmo mais acentuado já registrado, com os bloqueios da Covid-19 atingindo fortemente as pequenas empresas.
Seu setor manufatureiro também encolheu acentuadamente.
Os dados mais recentes do governo mostram que o desemprego atingiu uma alta de 21 meses em março, e isso foi antes da China estender o bloqueio no centro financeiro de Xangai e impor restrições rígidas em Pequim.
A taxa de desemprego em 31 grandes cidades chegou a atingir um recorde em março.
O enorme setor de tecnologia do país também está enfrentando uma crise de empregos sem precedentes.
A indústria, outrora livre, foi por muito tempo a principal fonte de empregos bem pagos na China, mas as principais empresas agora estão reduzindo o tamanho em uma escala nunca vista antes, à medida que o governo continua sua repressão à iniciativa privada.
O principal regulador de internet do país disse no mês passado que o setor não tinha essa crise, mas o assunto ainda está sendo amplamente discutido nas mídias sociais chinesas.
Outros setores, desde o imobiliário até o educacional, também sofreram perdas acentuadas de empregos nos últimos meses.
Pequim está ciente das dificuldades econômicas e particularmente preocupada com o risco de desemprego em massa, que abalaria a legitimidade do Partido Comunista.
No início do mês passado, Hu Chunhua, vice-primeiro-ministro da China, pediu “esforços totais” para estabilizar o emprego.
Em 28 de abril, o Politburo do Partido Comunista prometeu implementar “medidas significativas” para apoiar a economia da internet e sugeriu aliviar a repressão de um ano ao setor de tecnologia.