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    Com aversão a riscos, Ibovespa fecha em queda de 1,79% e dólar sobe a R$ 5,15

    Principal índice da B3 encerrou no menor patamar em 4 meses, aos 103.250,02 pontos, enquanto a moeda norte-americana registrou valorização de 1,62%

    João Pedro MalarArtur Nicocelido CNN Brasil Business* , em São Paulo

    O Ibovespa encerrou em queda de 1,79%, aos 103.250,02 pontos, nesta segunda-feira (9), prejudicado pela cautela no mercado. O índice renovou as mínimas e terminou no menor patamar em quase 4 meses, quando bateu 101.945 pontos, em 10 de janeiro. Na data, o benchmark fechou no azul após as commodities ficarem em alta.

    Dentre os principais setores do índice ao longo do dia, papéis ligados a commodities caíram, enquanto os de bancos avançam, aliviando parte do recuo na sessão.

    Por sua vez, o dólar subiu 1,62%, cotado a R$ 5,155, refletindo uma disseminação do pessimismo entre investidores em relação à economia global e uma aversão a riscos. Sinalizações de altas de juros pelo Federal Reserve na casa dos 0,5 p.p. na última semana e o dado fraco de exportações da China aumentaram os temores de uma desaceleração econômica.

    O Banco Central fez neste pregão leilão de até 15 mil contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 1° de julho de 2022. Especialistas entrevistados pelo CNN Brasil Business apontam que o movimento do BC, que acontece desde 6 de abril, pode ajudar a dar liquidez na moeda.

    O foco do mercado nesta semana está na divulgação do Índice de Preços ao Consumidor (CPI na sigla em inglês) dos Estados Unidos referente a abril, um indicador de inflação importante que deve dar mais pistas sobre os próximos passos do ciclo de alta de juros no país.

    Já no Brasil, o evento mais importante será a divulgação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de abril, a medida oficial de inflação do Banco Central. Com o dado, o mercado espera ter mais clareza sobre a próxima alta de juros já sinalizada pela autarquia, e se ela realmente encerrará o ciclo iniciado em 2021.

    Tanto em relação ao dado brasileiro quanto ao norte-americano, o mercado buscará sinais sobre um possível pico de inflação, o que facilitaria, no caso brasileiro, o fim do ciclo de alta de juros com uma elevação menor em junho e, no dos Estados Unidos, altas menores nas próximas reuniões, impactando menos a atividade econômica.

    Na semana anterior, o dólar avançou 2,63%, fechando na sexta-feira (6) aos R$ 5,073. Já o Ibovespa teve uma queda semanal de 2,54%, chegando aos 105.134 pontos.

    Pessimismo global

    O instigador mais recente da aversão global a riscos foi a alta de juros nos Estados Unidos, anunciada pelo Federal Reserve na quarta-feira (4). Apesar de descartar altas de 0,75 p.p. ou um risco de recessão, a autarquia sinalizou ao menos mais duas altas de 0,5 p.p.

    Os juros maiores nos Estados Unidos atraem investimentos para a renda fixa do país devido a sua alta segurança, mas prejudica as bolsas ao redor do mundo, inclusive as norte-americanas.

    Junto com uma série de elevações de juros pelo mundo, os lockdowns na China para tentar conter a Covid-19 aumentam as projeções de uma forte desaceleração econômica, prejudicando os mercados.

    Petróleo e China

    guerra na Ucrânia e seus efeitos inflacionários com disrupções de cadeias e sanções, em especial em commodities como o petróleo, também agravam o quadro. Após a União Europeia anunciar um plano para proibir as importações de óleo russo, o petróleo voltou a superar a casa dos US$ 110 o barril.

    Nesta segunda-feira (9), porém, o petróleo WTI encerrou a US$ 103,09, com queda de 6,09%. Enquanto o brent terminou a US$ 105,94, com desvalorização de 5,74%. A cotação caiu após dados de exportações da China.

    O crescimento das exportações chinesas desacelerou a um dígito, nível mais fraco em quase dois anos, enquanto que as importações mal mudaram em abril, uma vez que medidas mais duras e amplas contra a Covid-19 afetou a produção em fábricas e a demanda doméstica, ampliando as preocupações econômicas.

    As exportações em dólares cresceram 3,9% em abril em relação ao ano anterior, caindo acentuadamente em relação ao crescimento de 14,7% registrado em março, embora ligeiramente melhor que a previsão dos analistas de 3,2%. Foi o ritmo mais lento desde junho de 2020.

    As importações permaneceram estáveis em relação ao ano anterior, melhorando ligeiramente em relação a uma queda de 0,1% em março e um pouco melhor do que a contração de 3,0% esperada pela pesquisa da Reuters.

    Os números fracos mostram que o setor comercial da China, que responde por cerca de um terço do Produto Interno Bruto, está perdendo força à medida que lockdowns em grandes centros como Xangai afetam as cadeias de abastecimento, aumentando os riscos de uma desaceleração mais profunda na segunda maior economia do mundo.

    “Os surtos de vírus na China levaram a enormes dificuldades nas cadeias de produção e nas cadeias de abastecimento”, disse Chang Ran, analista sênior do Zhixin Investment Research Institute, em nota nesta segunda-feira (9).

    “Enquanto isso, alguns países do sudeste asiático fizeram a transição da recuperação para a expansão da produção, substituindo, em certa medida, as exportações chinesas”

    Efeitos no real

    Retornando aos R$ 5, o dólar reverteu parte dos ganhos que o real obteve nos primeiros meses do ano devido a uma combinação de fatores que influencia no fluxo de compra e venda do dólar.

    Ao CNN Brasil Business, especialistas associaram essa valorização recente a dois principais fatores: a perspectiva de altas maiores de juros nos Estados Unidos e os temores em relação aos lockdowns estabelecidos em uma série de cidades economicamente relevantes na China.

    Os juros norte-americanos maiores tendem a atrair investimentos para o mercado de títulos do Tesouro do país, retirando capital de mercados considerados mais arriscados que o dos Estados Unidos, caso do Brasil.

    Já as medidas de controle de disseminação da Covid-19 na China, que afetam cidades como Xangai e Pequim, tendem a reduzir a demanda da segunda maior economia do mundo por commodities, prejudicando seus principais fornecedores, entre eles o Brasil, e influenciando negativamente nos preços desses produtos.

    Sobe e desce da B3

    Veja os principais destaques do pregão desta segunda-feira:

    Maiores altas

    • JHSF (JHSF3) +4,11%;
    • BTG Pactual (BPAC11) +3,61%;
    • BRF (BRFS3) +2,75%;
    • Sabesp (SBSP3) +2,59%;
    • Braskem (BRKM5) +2,51%

    Maiores baixas

    • Locaweb (LWSA3) -14,44%;
    • Petz (PETZ3) -10,88%;
    • Magazine Luiza (MGLU3) -9,07%;
    • 3R Petroleum (RRRP3) -8,70%;
    • PetroRio (PRIO3) -8,60%

    *Com informações da Reuters

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