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    Endividamento de famílias paulistanas atinge recorde em abril, diz FecomercioSP

    Cenário atual tem levado as famílias a uma busca pelo crédito como alternativa para manter o poder de consumo

    Cícero Cotrim, do Estadão Conteúdo

    O endividamento das famílias na capital paulista atingiu um nível recorde em abril, na esteira do cenário de aumento dos juros e inflação elevada no país.

    Dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) cedidos com exclusividade ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) mostram que, no quarto mês do ano, 3,01 milhões de famílias tinham dívidas – o equivalente a 75,3% do total de domicílios da cidade e o maior nível da série histórica do levantamento, iniciada em 2010.

    No mesmo mês, a pesquisa constatou uma taxa de inadimplência de 24,6% em São Paulo, que representa 986 mil famílias com contas em atraso.

    A proporção de inadimplentes é mais alta entre as famílias com renda de menos de 10 salários mínimos (29,5%), enquanto as famílias com rendimentos superiores a este nível registraram taxa de 12,2%. Ao todo, 10,1% dos inadimplentes avaliaram que não devem conseguir quitar as dívidas atrasadas, também a maior taxa desde 2010.

    A maior parte das dívidas das famílias em abril era junto aos cartões de crédito (93,7%), seguido pelos carnês (19,1%) e crédito pessoal (11,2%).

    “O aumento na taxa básica de juros da economia, a Selic, que saiu de 2% para 11,75% ao ano, além de dificultar o acesso ao crédito, encareceu os financiamentos, levando a uma transferência maior da renda para o sistema financeiro, em detrimento do consumo. Isto é, as famílias estão pagando mais em juros e têm menos recursos para compras e pagamento de contas”, observa a FecomercioSP, em nota.

    A combinação entre este cenário e a inflação elevada, agravada pela guerra na Ucrânia, tem levado as famílias a uma busca pelo crédito como alternativa para manter o poder de consumo, avalia a entidade.

    De acordo com pesquisa, 8,1% das famílias pretendiam obter recursos com bancos ou financeiras nos próximos meses. Destes, 66,3% esperavam conseguir recursos para compras e 31,9% para o pagamento de dívidas e contas.

    O endividamento era maior entre as famílias com renda de até 10 salários mínimos (78,1%), contra 67,1% das famílias com renda superior.

    ICF

    A FecomercioSP também apurou quase estabilidade do Índice de Intenção do Consumo das Famílias (ICF). O indicador avançou 0,6% na margem, aos 76,8 pontos, puxado por uma alta de 5% do item Emprego Atual, a 102,6 pontos – o maior nível desde abril de 2020.

    O item de Perspectiva Profissional avançou 1,9%, aos 99,8 pontos, e o item Renda Atual subiu 4,2%, a 80,6 pontos.

    “Contudo, a melhora do emprego não foi suficiente para contrabalancear a inflação”, afirma a FecomercioSP. A entidade destaca a quase estabilidade do Nível de Consumo Atual, com alta de 0,4%, a 57,4 pontos.

    O indicador de Perspectiva de Consumo caiu 6%. Por fim, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) recuou 0,7%, a 104,3 pontos, com queda de 1,9% do Índice de Expectativas do Consumidor (IEC) e alta de 2,8% do Índice de Condições Econômicas Atuais.

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