Situação em usina sitiada na Ucrânia é “pior que catástrofe humanitária”, diz oficial
Usina de Azovstal se tornou o último vestígio da resistência ucraniana em Mariupol, barrando a invasão russa por quase dois meses
A situação na usina siderúrgica sitiada de Azovstal, em Mariupol, está “pior que uma catástrofe humanitária”, disse um comandante no local à CNN.
O Major Serhiy Volyna, comandante da 36ª Brigada Marinha da Ucrânia, falou à CNN nesta sexta-feira (29) de dentro das plantas de produção de aço, explicando que há centenas de pessoas na região, incluindo cinco pessoas jovens, das quais a mais nova possui quatro meses de idade.
A usina de Azovstal se tornou o último vestígio da resistência ucraniana em Mariupol, barrando a invasão russa por quase dois meses.
O grupo de combatentes ucranianos em trincheiras e civis abrigando-se na planta virou um símbolo do desafio do país.
Volyna explicou que, por conta de um ataque russo recente contra o hospital de campanha do local, eles foram deixados sem material médico vital e “pouquíssima água, e pouquíssima comida” sobrando.
“O teatro operacional foi atingido diretamente. E todos os equipamentos operantes, tudo o que é necessário para fazer uma cirurgia, foi destruído. Então, agora, não podemos cuidar dos nossos feridos, principalmente daqueles com feridas causadas por estilhaços e balas”, disse ele.
Volyna acrescentou: “Estamos protegendo os feridos neste momento com qualquer ferramenta que tivermos. Temos nossos médicos do exército e eles estão usando todas as habilidades que possuem para cuidar deles. No momento, não temos ferramentas cirúrgicas mas temos alguns itens básicos. Também precisamos muito de medicamentos, não temos mais remédios.”
De acordo com uma nota do gabinete do presidente ucraniano divulgada nesta sexta-feira (29), uma operação para evacuar civis da usina siderúrgica Azovstal em Mariupol está planejada para a sexta-feira. O recado não deu mais detalhes.
Quando perguntado sobre o possível plano de evacuação, Volyna disse que “não sabe os detalhes”.
“Eu sei que a missão chegou em Zaporizhzhia e que tentarão montar uma operação de resgate”
Volyna disse que está em comunicação direta com o presidente Volodymyr Zelensky, acrescentando que o líder ucraniano estava os informando sobre “a situação na Ucrânia como um todo e Mariupol”, e também “nos mantendo otimistas”.
Um oficial ucraniano disse na sexta-feira que as forças russas fecharam uma área de Mariupol, potencialmente antes de mais uma tentativa de invasão da usina de Azovstal.
Volyna não sabe por quanto tempo ele e seus parceiros ucranianos conseguirão resistir aos ataques russos.
“Não sabemos dizer por quanto tempo podemos aguentar”, ele disse. “Tudo depende dos movimentos do inimigo e também da sorte. Temos esperança de que seremos evacuados, e que o presidente terá sucesso em retirar-nos, e então teremos que esperar para ver se isso acontece”.