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    Boeing “não deveria ter aceito” o acordo do Air Force One de Trump, diz CEO

    Empresa concordou em preço fixo para novas aeronaves, mas tem enfrentado problemas de fornecimento e custos de produção mais altos

    Gregory Wallaceda CNN

    O CEO da Boeing disse nesta quarta-feira (27) que espera não repetir o acordo incomum negociado por seu antecessor com o então presidente Donald Trump sobre a próxima geração do Air Force One, o avião presidencial americano.

    “Air Force One, vou chamar de um momento muito único, uma negociação muito única. Um conjunto muito singular de riscos que a Boeing provavelmente não deveria ter assumido”, disse o CEO David Calhoun. “Mas é onde estamos”.

    A Boeing fez o acordo em 2018, depois que Trump criticou publicamente os custos do programa, escrevendo “Cancelar pedido!” nas redes sociais e em meio à retórica dura de Trump sobre a China, o que apresentou riscos para a Boeing e outros exportadores dos EUA.

    Calhoun falou na teleconferência de resultados trimestrais da empresa e prometeu aos investidores “uma filosofia muito diferente” para fixar antecipadamente o preço dos projetos militares.

    A Boeing concordou com um preço fixo de US$ 3,9 bilhões, mas desde então encontrou problemas e custos mais altos que ameaçam atrasar a entrega dos dois jatos 747 até o fim de 2026, aproximadamente dois anos depois do prometido pela empresa.

    No início deste mês, a Força Aérea atribuiu o atraso a uma “combinação de fatores, incluindo impactos da pandemia de Covid-19, transição de fornecedores, limitações de mão de obra, cronogramas de design de fiação e taxas de execução de testes”. A Boeing se recusou a comentar sobre o atraso à época.

    Calhoun disse que a pandemia complicou o trabalho porque apenas um número limitado de trabalhadores possui as credenciais de segurança de alto nível necessárias para trabalhar no projeto.

    “Para o VC-25B, onde as autorizações são das mais altas, é realmente difícil”, disse ele, usando o número do modelo militar para descrever os jatos.

    O ex-presidente, com sua personalidade de negociador, adotou uma abordagem prática para o acordo do Air Force One. Ele se encontrou pessoalmente com chefes da Boeing na Casa Branca para selar o acordo, além de compartilhar desenhos para um novo esquema de cores vermelho, branco e azul para os jatos.

    Outros fatores complicaram a relação Trump-Boeing. A empresa enfrentou pressão empresarial por causa das fortes críticas do ex-presidente à China. Após dois acidentes com avões da empresa, o presidente anunciou pessoalmente que deixaria de usar o jato 737 MAX – um assunto normalmente tratado pela Administração Federal de Aviação.

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