Falta de fertilizantes gera temor do agro com guerra na Ucrânia, diz presidente da Abag
Caio Carvalho avaliou que o Brasil pode enfrentar dificuldades em relação aos produtos no segundo semestre
Em entrevista à CNN neste sábado (16), o presidente da Abag (Associação Brasileira do Agronegócio), Caio Carvalho, afirmou que o grande temor do agronegócio brasileiro e do mundo todo em relação à guerra na Ucrânia diz respeito aos riscos da falta de fertilizantes.
“A falta de fertilizantes absolutamente significa redução de produtividade, que vai significar redução de produção e, portanto, de oferta. Isso significa preços mais altos e inflação mais alta. Todo o quadro é obviamente muito ruim olhando sobre esse prisma”, disse.
Segundo Carvalho, a duração do conflito no Leste Europeu e o alcance das sanções contra a Rússia são variáveis que terão impactos no agronegócio, alguns de forma imediata e outros de maneira imprevisível.
No entanto, o presidente da Abag considerou que “no curto prazo, a questão dos fertilizantes e o aumento do custo para o nosso agricultor é enorme, todos estão muito preocupados”.
Apesar do agronegócio brasileiro ter registrado o valor recorde em exportações em março deste ano, Carvalho avalia que “a margem do ano passado em relação a esse ano não deve mudar, mesmo com o aumento dos preços. Isso porque os custos subiram muito, então não tem grande vantagem nisso”.
O presidente da Abag afirmou que o Brasil estava se preparando com estoques de fertilizantes e ainda possui uma considerável reserva dos produtos, mas que no segundo semestre “vamos começar a ver essa conta com problemas de fertilizantes principalmente para o nosso agro”.
Ao comentar sobre o aumento das exportações do agronegócio brasileiro, Carvalho citou como exemplo o óleo de soja que, devido ao fato da Ucrânia ser um importante país produtor de girassol e ter parado de exportar seu produto fez com que o Brasil colocasse volumes expressivos no mercado internacional.
“Isso pesou de forma extremamente positiva para a nossa balança comercial”, pontuou.
De acordo com o presidente da Abag, o aumento do preço das commodities também contribuiu com o recorde do agro. “O peso espetacular de aumento de preços lá fora vai trazer impacto em todos os países, sejam exportadores ou importadores”, afirmou.