Prédios tremiam com o impacto de bombas, diz brasileira que fugiu de Mariupol
À CNN Rádio, Silvana Pilipenko, que ficou 26 dias sem contato com familiares do Brasil, relatou que as pessoas acreditavam que a guerra duraria pouco tempo
Silvana Pilipenko ficou 26 dias sem contato com familiares do Brasil até conseguir fugir e voltar ao país. Casada com um ucraniano, ela morava há 13 anos na Ucrânia e estava em casa, na cidade de Mariupol, uma das primeiras a serem atacadas pelas tropas russas.
Em entrevista à CNN Rádio, Silvana relatou que “acreditava que a guerra duraria uma semana e que, por causa da situação de muitos mortos, os presidentes [da Rússia e da Ucrânia] entrariam em acordo.”
No entanto, o que se viu foi, de forma gradual, os recursos sendo cortados. “A internet primeiro, depois energia, água, gás e ficamos completamente sem comunicação.”
“Fiquei 32 dias lá e a situação só piorava, com os russos tomando espaço e estávamos como alvo, casas perto do meu prédio foram explodidas, eu via fogo subindo, fumaça, constantes tiroteios, mísseis, aviões lançando bombas”, contou.
Segundo ela, era possível ouvir o barulho das bombas, mas “não enxergávamos e apenas vinha a explosão, os prédios tremiam com o impacto e eu pensava: ‘vai desabar’.”
Silvana afirmou que havia toque de recolher às 18h, mas antes disso ela e o marido buscavam água a 1km de distância, em um rio: “Procurávamos áreas específicas onde o bombardeio não estava intenso, era perigoso, mas não estávamos presos, procurávamos madeira, fizemos fogo a lenha fora do prédio, a gente tinha que sair para procurar subsistência.”
A brasileira disse que um dos momentos mais tensos aconteceu quando soldados ucranianos montaram armas para atirar da lateral do prédio em que ela estava com a família.
“Era muito perigoso para nós, daquela direção os russos tinham equipamento de precisão e saberiam de onde teria vindo aqueles disparos, iriam atirar de volta, foi um momento de nervosismo.”
Silvana e uma vizinha, então, conversaram com os soldados, que “estavam acuados e nervosos”, mas concordaram em não atirar do local