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    Pedro Côrtes
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    Pedro Côrtes

    Professor titular da Universidade de São Paulo (USP) e um dos mais renomados especialistas em Clima e Meio Ambiente do país.

    Análise: a pauta ambiental nas eleições de 2024

    As questões ambientais vão entrar nos programas de governo?

    Infelizmente, chuvas torrenciais, alagamentos, inundações, deslizamentos e ondas de calor passaram a fazer parte das preocupações cotidianas em diversos municípios. Não se tratam de efeitos transitórios de um El Niño mais intenso. As mudanças climáticas têm deixado a sua marca e intensificado os fenômenos naturais. Não raro, o volume de chuvas e as temperaturas batem recordes.

    Na esteira desses eventos extremos temos as questões de saúde. À leptospirose, comum em áreas inundadas, somam-se as arboviroses (como a dengue), que proliferam em regiões quentes e úmidas. As ondas de calor debilitam especialmente as crianças pequenas e idosos.

    Cabe uma pergunta: como as candidaturas de prefeitos e vereadores vão tratar as questões ambientais? Será que isso ocupará espaço nos programas de governo e nos debates?

    Em muitos casos, serão necessárias soluções estruturantes, como reforço dos sistemas de drenagem urbana, realocação de pessoas que vivem em áreas de risco, recomposição de matas e áreas degradadas. Há necessidade de recursos e equipes técnicas nem sempre ao alcance dos pequenos ou médios municípios.

    Aqui, faz-se necessário que soluções integradas sejam desenvolvidas, com os municípios, estados e o governo federal trabalhando de maneira integrada. Em geral, a gestão municipal deverá dar a partida, buscando os apoios e recursos necessários. Durante as eleições, vamos ver quais candidatos têm projetos efetivos e demonstram a vontade política de buscar os recursos necessários.

    Há outras soluções que podem ser implementadas, como o recurso do IPTU Verde. Esse é um desconto no imposto para os imóveis que adotarem soluções que ajudem a mitigar os efeitos das mudanças climáticas. Por exemplo, o plantio de árvores nativas (que ajudam na drenagem e diminuem as ilhas de calor), as calçadas com blocos e jardins lineares que permitem que parte da água da chuva seja absorvida pelo solo (diminuindo a sobrecarga dos sistemas de drenagem).

    Durante os debates e a campanha eleitoral, não será difícil perceber quem se debruçou sobre esses problemas e diferenciar de quem tratou isso apenas como um adendo. A discussão desses temas requer, minimamente, um bom grau de entendimento. Será que esses temas terão a importância reconhecida? Veremos.