Mais de 300 pessoas morreram após enchentes causadas pela chuva na África do Sul
Equipes trabalharam para evacuar as pessoas em áreas que sofreram deslizamentos de terra, inundações e colapsos estruturais de edifícios e estradas
Fortes chuvas e inundações atingiram a costa leste da África do Sul na quarta-feira (13), matando pelo menos 306 pessoas, danificando estradas e destruindo casas.
A tragédia marcou “um dos momentos mais sombrios da história” da província de KwaZulu-Natal, disse o governo regional em um tweet.
“Nós nos juntamos às famílias em luto pelas vidas que perdemos como resultado das fortes chuvas”, escreveu o governo. “Elogiamos as equipes de gerenciamento de desastres pelo trabalho incansável que vêm realizando para evacuar as comunidades afetadas”.
As inundações atingiram KwaZulu-Natal, que inclui a cidade costeira de Durban. As estradas racharam e deram lugar a fissuras profundas, e uma enorme pilha de contêineres desmoronou em águas lamacentas, mostram imagens de agências de notícias.
Uma ponte perto de Durban foi varrida, deixando as pessoas presas em ambos os lados.
KwaZulu-Natal experimentou chuvas extremas desde segunda-feira no que o governo provincial chamou de “uma das piores tempestades meteorológicas da história do nosso país” em um comunicado publicado no Facebook.
“As fortes chuvas que caíram em nossa terra nos últimos dias causaram estragos incalculáveis e causaram danos maciços a vidas e infraestrutura”, afirmou.
A inundação é resultado da lenta tempestade Issa, que despejou vários meses de chuva sobre Durban e cidades vizinhas desde segunda-feira. Cerca de 450 mm foram registrados ao longo da costa de KwaZulu-Natal. Em Durban, 307 mm caíram em apenas 24 horas, o que é mais de quatro vezes o valor normal para todo o mês de abril.
Após uma breve pausa sem chuva nesta quinta-feira (14), a chuva deve retornar às mesmas áreas na sexta-feira e persistirá durante o fim de semana, à medida que uma frente fria atinge o leste do país.
As equipes trabalharam para evacuar as pessoas em áreas que sofreram “deslizamentos de lama, inundações e colapsos estruturais de edifícios e estradas”, disse Sipho Hlomuka, membro do Conselho Executivo para Governança Cooperativa e Assuntos Tradicionais em KwaZulu-Natal, no Twitter na terça-feira.
“As fortes chuvas afetaram as linhas de energia em muitos municípios, com equipes técnicas trabalhando 24 horas por dia para restaurar a energia”, acrescentou Hlomuka.
As usinas de energia inundadas estavam inacessíveis no município de eThekwini, atingido com força, disse o prefeito Mxolisi Kaunda a repórteres, enquanto os canos de água também foram danificados.
O governo local pediu a instituições privadas e religiosas para ajudar nas operações de socorro de emergência e solicitou ajuda da Força de Defesa Nacional da África do Sul para fornecer apoio aéreo, disse ele.
O clima extremo ocorre apenas alguns meses após fortes chuvas e inundações atingirem outras partes do sul da África, com três ciclones tropicais e duas tempestades tropicais em apenas seis semanas desde o final de janeiro. Houve 230 mortes relatadas e um milhão de pessoas afetadas.
Cientistas do projeto World Weather Attribution (WWA) – que analisa o quanto a crise climática pode ter contribuído para um evento climático extremo – descobriram que as mudanças climáticas tornaram esses eventos mais prováveis.
“Mais uma vez, estamos vendo como as pessoas com menor responsabilidade pelas mudanças climáticas estão sofrendo o impacto dos impactos”, disse Friederike Otto, da WWA, do Instituto Grantham para Mudanças Climáticas e Meio Ambiente do Imperial College London, na terça-feira (12), referindo-se à tempestades na África Austral.
“Os países ricos devem honrar seus compromissos e aumentar o financiamento necessário para adaptação e para compensar as vítimas de eventos extremos causados pelas mudanças climáticas com pagamentos de perdas e danos”, acrescentou.
Espera-se que este seja um grande ponto de discórdia nas próximas negociações internacionais sobre o clima, a conferência COP27 em Sharm el-Sheikh, Egito, em novembro.
Os cientistas alertaram que o mundo deve tentar limitar o aquecimento global a 1,5ºC acima das temperaturas antes da industrialização, há cerca de 200 anos, para evitar alguns impactos irreversíveis das mudanças climáticas. A Terra já está cerca de 1,2ºC mais quente.
No sudeste da África, o aquecimento de 2ºC é projetado para trazer um aumento na frequência e intensidade de chuvas fortes e inundações, e um aumento na intensidade de fortes ciclones tropicais, que estão associados a chuvas mais fortes.
Com informações de Amy Cassidy, Jorge Engels e Brandon Miller, da CNN