Covid-19: 16 estados brasileiros registram queda na média móvel de mortes
Ministério da Saúde avalia que melhora observada é reflexo, principalmente, das campanhas de vacinação
O Brasil registrou queda na média móvel de mortes por Covid-19 em 16 estados, em relação a duas semanas atrás, de acordo com dados publicados nesta quarta-feira (13) pelo Ministério da Saúde. Destaque para Paraíba e Roraima, que apresentaram recuo de 100% no índice.
A pasta aponta que o país permanece com uma média móvel abaixo de 200 óbitos diários, com tendência de queda. Na terça-feira (12), o número atingiu 160,57, um recuo de 36,92% em relação a 14 dias atrás e de 82,07% em comparação com o pico da variante Ômicron, no dia 18 de fevereiro deste ano.
Segundo dados do Ministério da Saúde, os outros estados que tiveram queda foram o Rio de Janeiro, Pará, Alagoas, Pernambuco, Goiás, Rondônia, Ceará, Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Amazonas, Amapá e Tocantins.
O Ministério da Saúde afirma que a melhora observada é reflexo, principalmente, da campanha de vacinação, que teve início em janeiro de 2021. Para o diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Renato Kfouri, é possível que o panorama epidemiológico prossiga de forma positiva se o país continuar com o processo de imunização.
“Se não aparecer uma nova variante, a tendência é que o cenário permaneça em queda. Isso ocorre porque nós tivemos um pico de casos por conta da Ômicron e estamos avançando na campanha de vacinação, o que faz com que a população esteja mais protegida”, ressalta Kfouri.
Acre, Sergipe, Santa Catarina e Mato Grosso registraram estabilidade. Já sete estados apresentaram alta, como o Rio Grande do Norte, Paraná, Espírito Santo, Maranhão, Piauí, Bahia e Distrito Federal.
Além disso, o cenário epidemiológico, em relação ao número de casos de Covid-19, também segue com uma melhora. A média móvel nessa terça-feira ficou em 21.538 casos, o que representa uma diminuição de 31,20% frente à média de 14 dias atrás.
Atenção para crianças
Por outro lado, dados divulgados nesta quarta-feira (13), no boletim Infogripe da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), fazem um alerta para casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em crianças e adolescentes, tanto com o registro de Covid-19 quanto de problemas causados por outros vírus.
O boletim indica o predomínio de casos associados ao vírus sincicial respiratório (VSR) na faixa etária 0 a 4 anos; e de rinovírus e Sars-CoV-2 (coronavírus) na faixa de 5 a 11 anos, além de outros vírus respiratórios como o VSR em menor intensidade.
O vírus sincicial respiratório (VSR) é uma das principais causas de infecções das vias respiratórias e pulmões em recém-nascidos e crianças pequenas, e um de muitos vírus que podem causar bronquiolite (infecção dos brônquios, nos pequenos tubos respiratórios dos pulmões). Apesar da elevação de casos de SRAG no público infantil, o boletim ressalta que há sinais de formação de um platô.
O coordenador do levantamento, Marcelo Gomes, explica que é comum o aumento do vírus sincicial durante o período letivo, por conta da maior exposição das crianças. Porém, além disso, a liberação do uso das máscaras potencializou a circulação nas casas, creches e escolas.
Na população em geral, a curva nacional de SRAG mantém sinal de queda na tendência nas últimas seis semanas, mas com sinal de estabilidade nas últimas três semanas, em um patamar de 2,1 casos semanais por 100 mil habitantes.
Segundo o coordenador do Infogripe, Marcelo Gomes, os casos de Sars-Cov-2 seguem com indícios de queda entre os casos com resultado laboratorial positivo para vírus respiratórios, correspondendo a 41,6% nas últimas quatro semanas.
Referente aos primeiros meses deste ano, já foram notificados 112.087 casos de SRAG, sendo 62.453 (55,7%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 34.535 (30,8%) negativos e cerca 9.333 (8,3%) aguardando resultado laboratorial. Dentre os casos positivos, 5,4% são de Influenza A, 0,1% d Influenza B, 4,4% de VSR, e 86,1% de Covid-19.
Em relação aos próximos meses, Gomes chama atenção para a metade sul do país que, pela primeira vez, apresentará a combinação de três fatores favoráveis à transmissão da Covid-19.
“Em termos de comportamento, o uso de máscara é cada dia menos comum, os encontros e festas sem limitação de aglomeração, por conta do cenário atual da Covid no Brasil, aliados ao clima e ao tempo desde a última exposição ao vírus podem gerar um terreno muito propício para uma nova onda. Não é garantia de que irá ocorrer, mas é um cenário muito favorável, o que requer atenção”, alerta.
Panorama nos estados e capitais
O Boletim Infogripe aponta que nove das 27 unidades federativas apresentam sinal de crescimento na tendência de longo prazo até a Semana Epidemiológica 14 (3 a 9 de abril): Acre, Amapá, Espírito Santo, Maranhão, Piauí, Paraná, Roraima, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Alagoas, Amazonas, Ceará, Goiás, Minas Gerais, Rondônia e Sergipe apontam queda na tendência de longo prazo, enquanto as demais apresentam sinal de estabilidade.
Em todas as localidades que apresentam algum sinal de crescimento, os dados por faixa etária sugerem um cenário restrito à população infantil (0 a 11 anos), fator que se mantém desde fevereiro. Já na população adulta, os números indicam sinal de queda ou estabilidade.
Já entre as capitais, 11 apresentam sinal de crescimento na tendência de longo prazo: Belém (PA), Cuiabá (MT), Curitiba (PR), Florianópolis (SC), Macapá (AP), Porto Alegre (RS), Rio Branco (AC), São Luís (MA), São Paulo (SP), Teresina (PI) e Vitória (ES).
Em Goiânia (GO), observa-se sinal de crescimento somente na tendência de curto prazo (últimas 3 semanas). Assim como destacado para os estados, os dados por faixa etária nas capitais também sugerem se tratar de aumento concentrado fundamentalmente nas crianças e adolescentes (0-9 e 10-19 anos).
O Infogripe tem como base dados inseridos no Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) até 11 de abril.