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    Argentinos voltam a questionar se Milei fala com espírito de cachorro; entenda

    Dúvidas sobre existência de um dos cães do presidente chegaram à Casa Rosada e ao Congresso argentino

    Luciana Taddeoda CNN , Buenos Aires

    Assunto de destaque na campanha eleitoral da Argentina, a suspeita de que Javier Milei fala com um cachorro que morreu em 2017 voltou a ser tema de discussão política do país.

    Insinuações de que o presidente argentino estaria vendo – e falando – com um cachorro falecido foram assunto de duas coletivas de imprensa da Casa Rosada, de manifestantes de um grande protesto recente, de discussões de políticos nas redes sociais e até no Congresso.

    A dúvida paira sobre a quantidade de cachorros que o presidente argentino realmente tem: se são cinco, como ele afirma, ou se são somente quatro e um dos animais já morreu (e Milei estaria falando com ele mesmo depois de morto).

    No livro “El Loco”, uma biografia não autorizada de Milei, o autor Juan Luis González afirma que após a morte de seu cachorro Conan, em 2017, Milei mandou o material genético do mastim inglês para que fosse clonado em um laboratório dos Estados Unidos.

    Javier Milei mandou clonar cachorro falecido em labotório dos EUA / Reprodução/PerPETuate

    Do procedimento, surgiram uma cópia de Conan e mais quatro clones, batizados de Murray, Milton, Robert e Lucas, em homenagem aos economistas Murray Rothbard, Milton Friedman e Robert Lucas.

    Mas, segundo González, o clone de Conan também morreu. Um dos argumentos é que em todas as aparições de Milei com os clones e fotos, há somente 4 cachorros.

    Milei afirma que tem cinco cães, como o fez em entrevista recente à CNN. Há alguns meses, ele também foi questionado pela apresentadora Mirtha Legrand, e disse ter cinco cachorros: Conan e quatro filhos.

    Na última segunda-feira (22), quando perguntado sobre o número de cães na residência presidencial, o porta-voz do governo, Manuel Adorni, respondeu a um jornalista argentino: “Não entendo o que muda para você se são quatro cachorros, cinco cachorros ou 43 coelhos. Qual é a diferença?”. “Se o presidente diz que tem cinco cachorros, tem cinco cachorros e acabou”, completou.

    Manifestante carrega cartaz sobre cachorro de Javier Milei em Buenos Aires / 22/04/2024 Luciana Taddeo/CNN

    Na terça-feira (23), diversas alusões ao tema apareceram em um protesto que reuniu um total estimado de 800 mil pessoas, somente em Buenos Aires, contra a diminuição de orçamento para as universidades federais. “A Universidade de Buenos Aires existe, Conan não!”, dizia um dos cartazes dos manifestantes. Outro provocava: “Estudo para não pedir conselhos a um cachorro morto”.

    Já na quinta-feira (25), o porta-voz teve que responder novamente sobre o assunto após um jornalista afirmar que a quantidade de caninos na residência interessa a todos os argentinos “porque se o presidente tem quatro cachorros e vê cinco estamos falando de uma pessoa que vê algo que não condiz com a realidade”.

    O porta-voz da presidência qualificou como “uma falta de respeito” definir Milei “como uma pessoa que fala com coisas que não existem”. “Acho desrespeitoso, isso é se meter com a família dele e acho que precisamos parar de falar de determinadas questões”, queixou-se Adorni.

    Bastão presidencial de Milei possui as gravuras de seus cinco cães
    Bastão presidencial de Milei possui as gravuras de seus cinco cães / Reprodução/X

    Teoria da conspiração ou não, o assunto invadiu até a discussão do novo megaprojeto de lei que o governo enviou ao congresso para reformar a administração pública. “Não vamos dizer que Conan está vivo para que nos entreguem o texto final da lei”, reclamou a deputada e ex-candidata a presidente Myriam Bregman, sobre a dificuldade de obter o projeto alterado após o debate.

    “Meu cachorro não me aconselha (e está vivo)”, escreveu, por sua vez, na rede social X, o ex-presidente Alberto Fernández em resposta à acusação de Milei de que ele seria uma marionete de Cristina Kirchner. “Minhas ações e reações são o resultado da reflexão e não de alterações psicológicas”, retrucou.

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