Petrobras elege nova composição do Conselho de Administração nesta quarta-feira (13)
Na quinta-feira (14), grupo deve definir o químico José Mauro Ferreira Coelho como novo presidente da estatal
Após as trocas de indicações pelo governo federal, o novo Conselho de Administração (CA) da Petrobras será eleito nesta quarta-feira (13). A expectativa é que os acionistas aprovem o nome do químico José Mauro Ferreira Coelho como um dos integrantes.
Assim, na quinta-feira (14), o ex-secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia deverá ser conduzido à presidência da estatal, substituindo Joaquim de Silva e Luna, general da reserva do Exército.
Nesta quarta-feira, também será votado o nome do engenheiro Márcio Andrade Weber, que já compõe o grupo, para a presidência do Conselho de Administração. Ele e Coelho foram apontados pela União após as desistências do presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, e do economista Adriano Pires, respectivamente.
As Assembleias Gerais Ordinária e Extraordinária (AGOE) começam às 15h, com a participação aberta aos 850 mil acionistas exclusivamente de forma virtual. A primeira – ordinária – tem a eleição dos membros do Conselho de Administração como um dos itens, além da votação das demonstrações financeiras da companhia, da eleição dos membros do Conselho Fiscal e das decisões sobre a destinação do resultado do período contábil de 2021 e da remuneração dos conselheiros.
Mas os olhares estarão voltados para o Conselho de Administração, por conta da escolha do presidente Jair Bolsonaro de retirar Silva e Luna do comando da empresa. Esta semana, Bolsonaro disse que decidiu fazer a troca para ter alguém “mais profissional” no cargo.
À analista da CNN Paula Martini, Silva e Luna comentou a declaração nessa terça-feira (12). “Qualquer pessoa que olhar o meu currículo vai ver que é uma fala sem sentido, mas prefiro manter o silêncio obsequioso e virar essa página. A vida é para frente”, afirmou.
Briga pelas cadeiras
O presidente da Petrobras precisa necessariamente fazer parte do CA, colegiado deliberativo na empresa, que tem a função de aprovar ou não o indicado do governo federal para o comando da empresa, além de analisar as metas e resultados da companhia.
A partir da nova composição do Conselho de Administração, nesta quinta-feira, uma reunião está convocada para eleger José Mauro Ferreira Coelho como presidente da Petrobras e, na parte da tarde, ele tomará posse. O processo será rápido neste ano em comparação com o de Silva e Luna, em 2021.
Na escolha do general, uma assembleia extraordinária aconteceu no dia 12 de abril. O general foi oficializado como presidente no dia 16 e tomou posse só no dia 19.
Nesta quarta-feira, os acionistas também vão decidir se fixam em 11 o número de membros do conselho, que atualmente pode variar entre 7 e 11. Depois, haverá a escolha dos integrantes.
Na última segunda-feira, a Petrobras informou ao mercado que “recebeu de acionistas que detêm, em conjunto, mais de 5% das ações ordinárias da companhia, a solicitação de adoção de voto múltiplo.”
Com a adoção desse formato, o governo federal pode não conseguir eleger os oito nomes que indicou, apesar de ser o sócio majoritário. Isso porque, com a utilização do voto múltiplo, os acionistas podem desfazer a chapa da União e optar pelos nomes com maior pontuação individual. Ou seja, os minoritários podem concentrar os votos na busca por mais poder no grupo.
Indicações frustradas
José Mauro Ferreira Coelho, químico e doutor em Planejamento Estratégico, pode se tornar o terceiro presidente da Petrobras em três anos do governo de Jair Bolsonaro. O primeiro, o economista Roberto Castello Branco, ficou dois anos no cargo e foi trocado em meio a um cenário de alta dos combustíveis.
O mesmo aconteceu com o sucessor, o general Joaquim de Silva e Luna. O anúncio da mudança de comando veio no último dia 28 de março, após um aumento de quase 19% na gasolina e de perto de 25% no diesel.
O primeiro indicado do Ministério de Minas e Energia para o cargo foi o economista Adriano Pires, que atua como consultor na área de óleo e gás há três décadas. No entanto, ele declinou diante da expectativa que seu nome fosse reprovado na checagem do histórico, em um possível conflito de interesses por suas ligações no ambiente privado.
Correndo contra o tempo por conta da assembleia marcada para esta quarta-feira, na semana passada, José Mauro Ferreira Coelho foi selecionado. Diferente de Pires, a experiência de Coelho como diretor de Estudos de Petróleo, Gás e Biocombustíveis da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia, os 14 anos de atuação no poder público e o doutorado pelo Programa de Planejamento Energético da Universidade Federal do Rio de Janeiro indicavam a aprovação.
Na segunda-feira, o Comitê de Elegibilidade da estatal se reuniu e recomendou o nome, por unanimidade, à presidência da estatal. Mas também pediu que as empresas que ele possui ou venha a ter participação societária devem deixar de prestar serviços à Petrobras, a fornecedores ou concorrentes relevantes formalmente.