Indefinição do governo faz Petrobras ensaiar 4 cenários em imbróglio inédito
Linha dentro da estatal defende que Silva e Luna possa seguir presidente até o próximo conselho tomar posse
Adiar a Assembleia Geral, retirar a eleição dos conselheiros da pauta, prorrogar a estadia de Joaquim Silva e Luna no gabinete da presidência ou entregar o cargo a um diretor ou conselheiro interino.
Esses são os cenários que estão no horizonte de pessoas ligadas à Petrobras que conversaram reservadamente com a CNN.
O plano A seria um nome que pudesse ter avaliação e aprovação fácil dentro dos trâmites internos da Petrobras.
As pessoas que conhecem o processo disseram à CNN que quando o candidato tem muitas ligações com empresas, especialmente como sócio ou acionista, o processo de avaliação fica mais demorado.
Nomes da administração pública não tem necessariamente um trâmite mais rápido porque a Petrobras tem métodos de análise próprios por ser uma empresa de capital aberto.
Isso é visto como sendo o melhor cenário para o governo, para a estatal e até para os acionistas. Caso esse plano não seja a realidade, um dos outros quatro cenários se tornam possíveis. Ou a combinação deles.
O departamento jurídico da companhia está debruçado sobre esses cenários em potencial. Nada semelhante a isso tinha acontecido desde a mudança dos regimentos internos pós Lava-Jato e a lei das estatais, ambas no ano de 2016.
Fontes ligadas à estatal disseram à CNN que a Assembleia Geral Ordinária marcada para dia 13 de abril terá a apresentação de resultados da companhia, um momento obrigatório nos trâmites de uma empresa com ações na bolsa.
Por isso, cancelar ou adiar o encontro marcado para 15h seria difícil, embora o adiamento já esteja ventilando internamente na companhia.
Aventou-se então a possibilidade de retirar a eleição dos conselheiros da pauta e só incluir novamente quando o processo de checagem estivesse pronto.
Neste cenário, permaneceria a composição atual, sem os novos nomes indicados pelo governo. Mas não está claro ainda como se daria essa mudança do escopo da reunião.
Até o fim da tarde desta terça-feira (5), o governo federal, que detém 51% das ações com direito a voto não havia feito nenhum questionamento formal ao departamento jurídico da estatal sobre essa possibilidade.
Existe uma linha interna na Petrobras que defende a permanência do nome de Joaquim Silva e Luna no cargo até a posse do futuro conselho. No ato da posse, ele automaticamente perderia os direitos de exercer a presidência.
Neste caso, o problema é que Luna se tornou persona-non-grata depois que foi avisado de sua demissão e fez críticas ao governo, segundo a apuração da analista Thaís Arbex.
Sem um nome pra assumir o cargo mais importante da maior estatal brasileira, o regimento interno diz que o Conselho de Administração poderia indicar um interino no segundo escalão.
Nesse cenário, um subordinado de Silva e Luna assumiria a cadeira. Justamente por isso, há quem sugira que pode sair um presidente com mandato tampão entre os próprios conselheiros.
O cerne desse problema é o fato de o processo de background check, que analisa candidatos a esses cargos, ser complexo e levar de 7 a 10 dias em média, podendo chegar a 3 semanas dependendo do caso.
A cada hora de incerteza fica cada vez mais difícil que os indicados do governo tenham essa etapa superada até dia 13 de abril.
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O petróleo é considerado uma commodity. O termo se refere a recursos finitos que têm origem na natureza e são comercializados. No caso, o petróleo é usado principalmente como combustível, mas também dá origem a materiais como o plástico • REUTERS/Vasily Fedosenko
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O petróleo pode ser de vários tipos, dependendo principalmente do seu grau de impureza. Os dois principais, Brent e WTI, são leves (pouco impuros), e a diferença se dá pelo local de negociação: bolsa de Nova York no caso do Brent e bolsa de Londres no caso do WTI • Instagram/ Reprodução
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Os preços do petróleo seguem uma cotação internacional, e flutuam pela oferta e demanda. No Brasil, o preço de referência adotado pela Petrobras - maior produtora no país - é do Brent, seguindo a cotação internacional, em dólar • REUTERS
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Quando se fala da comercialização de petróleo, um fator importante é a Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo). Com 13 membros, ela é responsável por quase 50% da produção mundial de petróleo, e portanto consegue regular a oferta - e preços - pelos fluxos de produção • Reuters/Dado Ruvic
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A partir de 2020, os preços do petróleo foram afetados pela pandemia e pela guerra na Ucrânia. A Opep+ (que inclui países aliados do grupo, como a Rússia) decidiu cortar a produção temporariamente devido à baixa demanda com lockdowns, e os preços caíram. A média em 2020 foi US$ 40, distante da de anos anteriores, entre US$ 60 e US$ 70 • REUTERS
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Em 2021, porém, o cenário mudou, com o avanço da vacinação, os países reabriram rapidamente, e a demanda por commodities decolou, incluindo pelo petróleo. A Opep+, porém, decidiu manter os níveis de produção de 2020, e a oferta baixa fez os preços saltaram, ultrapassando US$ 80 • REUTERS/Nick Oxford
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Já em 2022, a situação piorou. A guerra na Ucrânia, e as sanções ocidentais a um dos maiores produtores mundiais da commodity, a Rússia, fizeram os preços dispararem, ultrapassando os US$ 120. Atualmente, o barril varia entre US$ 100 e US$ 115 • 03/06/2022REUTERS/Angus Mordant
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A alta dos preços do petróleo, porém, trouxe consequências negativas para o Brasil. Como a Petrobras segue a cotação internacional e o dólar está valorizado ante o real, ela subiu o preço nas refinarias, o que levou a uma elevação da gasolina e outros combustíveis. Até o momento, o preço da gasolina já subiu 70% • REUTERS/Max Rossi
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A alta do petróleo não afetou só o Brasil. Países dependentes da commodity, como EUA, Índia e Reino Unido, também viram os preços dos combustíveis subirem, e têm tentado pressionar a Opep+ a retomar os níveis de produção pré-pandemia, o que tem ocorrido lentamente enquanto a organização aproveita para se recuperar das perdas em 2020 • Reuters
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