Dia Mundial da Atividade Física: 5 motivos para você começar a se movimentar
Exercícios físicos podem trazer melhorias para as relações sociais, autoestima, confiança e regulação emocional
Os benefícios das atividades físicas para a saúde já são amplamente conhecidos: aumento da força muscular, melhora da qualidade do sono e do condicionamento e redução do colesterol e triglicérides, além de elevação do bem-estar e dos ganhos para a saúde mental.
Ainda assim, todos os anos, no dia 6 de abril, o Dia Mundial da Atividade Física promove a conscientização para a importância da prática moderada e regular de exercícios para a saúde. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda de 150 a 300 minutos, no mínimo, de atividade aeróbica por semana para adultos saudáveis e uma média de 60 minutos por dia para crianças e adolescentes.
As vantagens citadas ainda não foram suficientes para te impulsionar a se movimentar? Não se preocupe. Aqui estão alguns benefícios ocultos da atividade física:
1. Redução dos riscos de doenças cardiovasculares
O sedentarismo está associado a várias doenças que aumentam o risco de problemas cardiovasculares. A falta de atividade física favorece o acúmulo de gordura nas paredes dos vasos sanguíneos, o que dificulta a passagem de sangue, compromete o funcionamento do coração e pode levar ao infarto, além do risco de provocar acidente vascular cerebral (AVC) e trombose.
“Quanto mais precocemente começamos a cuidar do coração, menores os fatores de risco ao longo da vida. Hoje, temos a obesidade infantil e taxas elevadas de colesterol no sangue das crianças. A pandemia de Covid-19 aumentou o sedentarismo nessa faixa etária e pode ser gerador de um fator de risco maior para problemas cardíacos”, afirma Vanessa Guimarães, cardiologista do Hospital Sírio-Libanês, de São Paulo.
Exercícios aeróbicos, como caminhada, corrida, ciclismo, e natação, podem trazer benefícios para a saúde do coração. A lista também conta com modalidades como o surfe, o skate e a dança, além de treinos envolvendo subir e descer escadas e pular corda.
De acordo com a médica, antes de começar qualquer exercício físico, é fundamental passar por uma avaliação médica.
“Temos tanto as arritmias que podem ser induzidas pelo exercício físico como condições que nunca foram avaliadas e que são descobertas quando a pessoa vai fazer uma atividade física. A avaliação física antes das atividades, do início da academia, por exemplo, é necessária, inclusive para crianças que desejam fazer esportes com tendência de alto rendimento”, diz.
2. Ampliação da resposta imunológica das vacinas
Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) revelou que o exercício físico regular está associado ao aumento da resposta imunológica à vacina contra a Covid-19, que tende a diminuir ao longo do tempo.
A pesquisa contou com a participação de 748 pacientes do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Na análise, foram investigadas a associação entre a atividade física e a presença persistente de anticorpos específicos contra o coronavírus no organismo.
Os dados foram avaliados em um período de seis meses após o esquema de duas doses da vacina Coronavac em pacientes com doenças reumáticas autoimunes, incluindo artrite reumatoide, lúpus, esclerose sistêmica e miopatias inflamatórias. Os resultados foram publicados em formato preprint, ainda sem revisão por pares.
Para avaliar a capacidade da vacina de provocar resposta imune a longo prazo, os pesquisadores da USP realizaram exames sorológicos para verificar as taxas de anticorpos IgG e a presença de anticorpos neutralizantes –os dois indicativos estão associados à resposta aos imunizantes.
Dos 748 pacientes analisados (sendo 421 ativos e 327 inativos), as taxas de positividade de anticorpos IgG e neutralizantes foram significativamente maiores para os indivíduos ativos do que para os inativos.
3. Bem-estar e relaxamento
Além dos ganhos para a saúde física, a atividade física também promove a sensação de bem-estar e relaxamento, segundo a psicóloga Luciana Ferreira Angelo.
“Um dos benefícios psiconeurológicos da atividade física é a neuroplasticidade, uma característica do sistema nervoso central que promove mudança e adaptação do sistema de acordo com experiências e necessidades. A área é estimulada quando fazemos exercícios físicos”, conta Luciana, coordenadora do curso de aperfeiçoamento e especialização em Psicologia do Esporte do Instituto Sedes Sapientiae, de São Paulo.
O movimento também está associado ao aumento do nível de fatores relacionados ao desenvolvimento e manutenção dos neurônios. O exercício físico auxilia na liberação da neurotrofina (BDNF), que é uma proteína importante para a manutenção e sobrevivência dos neurônios.
“A atividade também melhora o desempenho cognitivo. Pesquisas apontam o ganho de benefícios em memória, atenção e concentração. Além de relatos de melhora em desempenho acadêmico e redução de risco para demência“, acrescenta.
A especialista afirma que os benefícios incluem ainda o aumento dos níveis de neurotransmissores, como a serotonina, que auxilia na regulação do humor, apetite e sono e que também está associada à sensação de relaxamento.
As atividades físicas podem trazer ainda melhorias para as relações sociais, com o aumento da autoestima e da confiança, além de uma melhora da regulação emocional. Especialmente aquelas que podem ser praticadas em grupo.
4. Redução dos impactos da Covid-19
Embora a relação entre os exercícios físicos e a Covid-19 ainda não tenha sido totalmente esclarecida pelas comunidades médica e científica, estudos apontam que a prática pode trazer impactos positivos para pessoas que foram infectadas pelo vírus.
O professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) Bruno Gualano reuniu achados recentes sobre o assunto em um editorial publicado no periódico British Journal of Sports Medicine.
“Algo que foi especulado no início da pandemia e hoje está demonstrado de forma bastante consistente é que pessoas fisicamente ativas tendem a ter uma doença mais branda quando infectadas pelo SARS-CoV-2. O conjunto de pesquisas sobre o tema sugere que, em média, essas pessoas correm entre 30% e 40% menos risco de hospitalização”, conta Gualano.
Um artigo publicado por Gualano e colaboradores também no British Journal of Sports Medicine, em julho de 2021, mostrou que atletas profissionais geralmente desenvolvem doença leve quando infectados.
“Levantamos nesse estudo a hipótese de que a proteção pode ser ainda maior no caso de pessoas com alto nível de atividade física, como é o caso de atletas profissionais. Mas isso é algo que ainda precisa ser confirmado”, comenta.
5. Controle da ansiedade
Um estudo conduzido por pesquisadores da Suécia e dos Estados Unidos, publicado no periódico Frontiers in Psychiatry, aponta que o exercício físico regular pode reduzir em até 60% os riscos para o desenvolvimento da ansiedade.
Embora os impactos positivos da atividade física em relação à ansiedade já sejam conhecidos, os pesquisadores destacam que fatores como a importância da intensidade do exercício, os mecanismos específicos para homens e mulheres e a duração dos efeitos permanecem desconhecidos.
Para obter algumas respostas, os cientistas realizaram um amplo estudo observacional que acompanhou mais de 395 mil pessoas por um período de 21 anos, entre 1989 e 2010. O objetivo era entender se a participação em uma corrida de esqui Cross Country de longa distância, chamada Corrida de Vasa (Vasaloppet), de até 90 quilômetros, estava associada a um menor risco de desenvolver a ansiedade.
Os dados dos esquiadores foram comparados aos registros de indivíduos suecos que não participaram da corrida. Os pesquisadores consultaram as informações a partir do Registro Nacional de Pacientes da Suécia, que inclui diagnósticos psiquiátricos e somáticos, além de dados de diagnósticos primários e secundários em pacientes atendidos em cuidados hospitalares no país desde 1987.
De modo geral, os fisicamente ativos tiveram um risco significativamente menor de desenvolver ansiedade durante o acompanhamento em comparação com os que não esquiavam. O grupo dos esportistas incluiu 197.685 pessoas, com idade média de 36 anos, sendo 38% mulheres.
“Nossos resultados apoiam as recomendações de prática de atividade física para diminuir o risco de ansiedade em homens e mulheres. O impacto do nível de desempenho físico sobre o risco de ansiedade entre as mulheres requer mais estudos”, diz o artigo.
(Com informações da Agência Fapesp)