“Se o Supremo estivesse sozinho, teria perdido”, diz Barroso sobre defesa da democracia
Presidente do STF destaca papel da sociedade civil, da imprensa e de parte da classe política em momentos de risco de ruptura institucional
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, considera que o Brasil passou por uma “efetiva tentativa de golpe” durante o governo Jair Bolsonaro (PL).
Para o ministro, a Corte precisou fazer o enfrentamento em defesa do estado democrático, mas descartou que essa atuação tenha sido feita de forma isolada. “Se o Supremo estivesse sozinho, teria perdido”, afirmou Barroso nesta segunda-feira (22), em São Paulo.
“Houve suporte importante da sociedade civil, da imprensa e de parte da política (ao Supremo na defesa da democracia)”, afirmou o presidente do STF. “Onde líderes populistas conseguiram conquistar essas áreas, a democracia sucumbiu. Exemplo típico é o (primeiro-ministro) Viktor Orbán, na Hungria.”
Barroso deu as declarações em um evento na Fundação FHC, que tinha como mote “O papel do STF na defesa da democracia”, ao lado do ex-ministro Celso Lafer, presidente do Conselho Curador da instituição, da cientista política da USP Marta Arretche, do diretor da Direito FGV SP, Oscar Vilhena, e do diretor geral da fundação, Sergio Fausto.
Menção a Moraes
No ano passado, o ministro Alexandre de Moraes participou de debate semelhante na mesma instituição. Desta vez, o responsável pelas investigações sobre a tentativa de golpe em 2022 foi citado e elogiado pelo colega de Corte, um dia após novamente ter sido alvo de apoiadores de Bolsonaro em uma manifestação no Rio de Janeiro.
“Lidamos com um quadro muito complicado em que o Supremo teve que assumir um pouco o front desse embate com o extremismo. Por isso tenho defendido a atuação do ministro Alexandre de Moraes”, disse Barroso. “Primeiro, pelo custo pessoal: ele foi um sujeito que corajosamente enfrentou um desgaste pessoal. Todos nós sofremos, mas ele mais do que todo mundo.”
Crédito foto: Vinicius Doti/Fundação FHC