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    Ibovespa fecha em queda de quase 2% e dólar sobe a R$ 4,65 com aversão a riscos

    Principal índice da bolsa de valores saiu do patamar dos 120 mil pontos, enquanto real teve terceiro pior desempenho entre moedas da sessão

    João Pedro Malardo CNN Brasil Business* , em São Paulo

    O Ibovespa recuou 1,97%, aos 118.885 pontos, nesta terça-feira (5), puxado para baixo por ações de bancos, de varejo e mineradoras em um dia de aversão maior a riscos no exterior após a União Europeia anunciar que vai propor novas sanções contra a Rússia devido à guerra na Ucrânia, algo que os Estados Unidos também cogitam.

    O cenário beneficiou o dólar, que subiu 1,10%, cotado a R$ 4,65, com o real tendo o terceiro pior desempenho entre as principais moedas do mundo nesta sessão.

    Com as novas sanções, a importação de carvão russo e entrada de navios do país em portos do bloco ficarão proibidas. A UE afirmou estar trabalhando em sanções voltadas ao petróleo da Rússia, o que aumentou temores de uma inflação global ainda maior e políticas monetárias mais restritivas para combatê-la.

    Ao mesmo tempo, o dólar segue no menor valor desde março de 2020 mesmo após devolver alguns ganhos ligados a um fluxo de entrada no Brasil devido aos juros altos do país, ativos descontados na bolsa de valores, saída de outros países emergentes e busca por grandes produtores de commodities, cujos preços dispararam.

    No Brasil, os investidores continuaram monitorando da greve de servidores do Banco Central e o possível impacto do movimento, em especial a possibilidade de um reajuste de 5% para os servidores públicos, o que representaria mais gastos pelo governo e eleva temores de um descontrole fiscal, um cenário que aumenta a cautela do mercado.

    Na segunda-feira (4), o dólar teve queda de 1,27%, cotado a R$ 4,60 – menor valor desde 4 de março de 2020, quando bateu R$ 4,58. Já o Ibovespa recuou 0,24%, aos 121.280 pontos.

    Petróleo

    Desde a invasão da Ucrânia pela Rússia no dia 24 de fevereiro, os mercados de petróleo mostram a maior volatilidade em dois anos, com os preços da commodity chegando a bater níveis vistos pela última vez em 2008.

    A commodity tem oscilado na faixa dos US$ 100 e US$ 110 nos últimos dias. Por um lado, o mercado espera uma demanda menor devido a novos lockdowns na China e à perspectiva de um ciclo de alta de juros maior nos Estados Unidos, o que desaceleraria a economia do país.

    Ao mesmo tempo, qualquer novidade sobre a guerra influencia os preços, alimentando ou reduzindo temores de problemas na oferta e afetando a cotação.

    Porém, se comparado com anos anteriores, o petróleo segue em valores elevados e subiu mais de 30% no primeiro trimestre, devido ao descompasso entre oferta e demanda da commodity, com os principais produtores, reunidos na Opep+, ainda não retomando os níveis de produção pré-pandemia. O quadro foi intensificado com as tensões na Europa.

    Commodities

    A disparada nas commodities com o conflito no Leste Europeu favorece o mercado brasileiro, e seus efeitos têm ajudado a superar a aversão a riscos com a guerra na Ucrânia, o que beneficia o real até o momento.

    O ciclo está ligado, em parte, à alta nos preços do petróleo e do minério de ferro devido à elevada demanda em meio à retomada econômica. O processo de alta de juros nos Estados Unidos também alimenta essa migração, com a saída da renda variável norte-americana.

    Outro fator por trás desse movimento são as expectativas de mais medidas pró-crescimento na China que estão aumentando as esperanças de uma recuperação na demanda por metais, o que levou a altas nos preços, reforçadas com a crise na Ucrânia.

    Porém, intervenções do governo chinês no mercado e um novo surto de Covid-19 no país com lockdowns ainda geram pressões de queda, em um sobe e desce na cotação, que continua em níveis elevados.

    Guerra na Ucrânia

    Acompanhe a cobertura ao vivo da CNN sobre o conflito.

    Com a guerra na Ucrânia completando um mês, as forças ucranianas têm tentado recuperar território dos russos nos últimos dias, de acordo com um alto funcionário da defesa dos Estados Unidos — que os descreveu como “capazes e dispostos” a fazê-lo.

    Rússia e Ucrânia tem realizado rodadas de negociação para tentar encerrar o conflito, mas ainda sem sucesso. O presidente ucraniano sinalizou que o país aceitaria um status de neutralidade, uma exigência russa, mas sem concessões territoriais, e a Rússia falou em avanços nas conversas.

    Os países ocidentais reforçaram ameaças de impor novas sanções econômicas contra a Rússia após a divulgação de imagens de corpos de civis ucranianos abandonados na cidade de Bucha após a retirada de forças russas.

    Do ponto de vista econômico, as sanções de maior impacto econômico para a Rússia estão ligadas à expulsão de bancos russos do Swift, um meio global de processamento de pagamentos.

    *Com informações da Reuters

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